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Família  do produtor Ivaldo Oliveira, de Diamantino, no Médio Norte do Mato Grosso. Por enquanto, dos cinco filhos (três adultos), apenas o mais velho, Aelton, seguiu a profissão. | Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Família do produtor Ivaldo Oliveira, de Diamantino, no Médio Norte do Mato Grosso. Por enquanto, dos cinco filhos (três adultos), apenas o mais velho, Aelton, seguiu a profissão.| Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo

Embora muitos jovens queiram continuar trabalhando nas áreas rurais em que nasceram, próximos de suas famílias e das propriedades onde foram criados, em grande parte dos casos eles não recebem incentivos suficientes para permanecer e trabalhar no campo.

Para que esses jovens sejam atraídos a ficar na região, é preciso que haja boas oportunidades de renda, políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento, acesso à saúde e educação e também uma boa relação com os pais, de quem devem herdar a propriedade no futuro.

Destacados pelos participantes de debate sobre jovens no campo ocorrido nesta quarta-feira (28), esses fatores devem também ser complementados pelo uso extensivo da tecnologia, que, além de atrair a atenção dos jovens, facilita a comunicação e o trabalho no campo.A discussão encerrou o 2º Fórum Agronegócio Sustentável.

“Minha mãe sempre atuou com serviço braçal e tinha receio de que eu ficasse no campo trabalhando com força física. Mostrei a ela que a tecnologia veio para ajuda nisso. Se sou uma jovem mulher e não tenho força para carregar um carrinho de silagem [forragem usada para alimentar os animais] para dar às minhas vacas leiteiras, posso comprar uma desensiladeira, acoplar no trator e fazer o mesmo serviço sem tanto esforço”, contou Isabela Albuquerque, coordenadora do comitê de jovens da Lar Cooperativa, do Paraná.

A jovem de 25 anos afirmou que a boa relação com os pais é também essencial para que os mais novos ganhem espaço desde cedo na propriedade rural, sendo capazes de dar sugestões e auxiliar no planejamento das atividades do local.

Produtor Ivaldo Oliveira, de Diamantino, no Médio Norte do Mato Grosso.Fernando Zequinão/Gazeta do Povo

Para Christiane Amâncio, coordenadora do Portfólio Inovação Social da Embrapa, é preciso deixar de enxergar a juventude como fase transitória e passar a investir nos jovens justamente por sua importância para a inovação e transformação dos processos de gestão.

Ela defendeu a criação de políticas públicas que ofereçam recursos financeiros e estruturais para aqueles que tenham interesse em permanecer no campo mesmo após sua formação educacional.

Segundo Christiane, a Embrapa tem buscado ouvir os produtores de pequenas comunidades e entender os principais desafios que eles enfrentam, para só então projetar iniciativas que incentivem o desenvolvimento econômico dessas regiões.

Filho de agricultores e natural do município de Pentecoste, no interior do Ceará, Adriano Batista é cofundador e diretor-executivo de uma agência que atua no desenvolvimento social e econômico de municípios rurais na região norte do estado. Segundo ele, a Adel (Agência de Desenvolvimento Econômico Local) já atendeu cerca de 2.800 jovens da região, dos quais 90% continuam trabalhando no campo.

A instituição atua principalmente em quatro eixos: promoção de educação e conhecimento entre os jovens por meio de oficinas sobre temas rurais, oferta de crédito por meio de um fundo próprio de incentivo, criação de redes cooperativas e investimento em tecnologia e comunicação.

”Esses jovens ouvem desde cedo dos pais que lugar de desenvolvimento é a cidade, são incentivados desde cedo a ir embora. Toda vez que um jovem deixa a comunidade, ela perde um potencial enorme de empreendedorismo. Antes atendíamos pessoas a partir de 18 anos, agora estamos indo até os 14 anos, porque queremos desmistificar essa ideia. O jovem precisa perceber que no campo ele também tem oportunidades”, disse Batista.

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