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Fruticultura

Após disparada, expressão ‘a preço de banana’ vira coisa do passado

Dona da marca de balas Bananina, Maristela Mendes, de Antonina, sofreu com o preço da fruta. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Dona da marca de balas Bananina, Maristela Mendes, de Antonina, sofreu com o preço da fruta. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Usada para indicar que um produto está muito barato, a expressão ‘a preço de banana’ não fez o menor sentido em 2016. Ao longo do ano passado, o valor do quilo da banana caturra (também chamada de nanica) aumentou 86,5% no Paraná, de R$ 2,46 para R$ 4,59, o maior patamar dos últimos cinco anos.

Produzida em todas as regiões do país, o vilão foi clima. Nas regiões Sul e Sudeste, o frio e as geadas prejudicaram o desenvolvimento da fruta. “A banana é quase uma grama, depende muito do sol. E o clima não foi favorável. Nós tivemos calor apenas em dezembro”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Fernando de Souza Andrade, do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Em algumas áreas do Nordeste, a estiagem castigou as lavouras. Atualmente, o Brasil é o 4º maior produtor de banana, com 6,9 milhões de toneladas produzidas em 2015.

Em Antonina, no Litoral do Paraná, Maristela Mendes, proprietária da Indústria e Comércio de Conserva Floresta, empresa que produz a tradicional bala de banana, além de outros quitutes derivados da fruta, conta que o ano foi complicado. “No começo do ano, nós pagávamos R$ 12 por caixa de 20 kg a 23 kg. Passamos a pagar de R$ 25 a R$ 30 por caixa, para não parar a produção e continuar atendendo”, afirma.

Dona da marca de balas Bananina, Maristela diz que a crise no preço da principal matéria-prima fez a produção despencar para 30% da capacidade. “Nós comprávamos 100 caixas por semana, agora são 100 por mês. Nós atendemos uma grande rede de supermercados de Curitiba, mas nos meses de outubro, novembro e dezembro, nós não conseguimos mandar produtos. Nós processávamos cinco toneladas por mês, hoje não alcançamos uma tonelada”, lamenta.

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Produtor Wilson Simão não tem motivos para reclamar: ele produz 10 hectares de banana em Morretes e está satisfeito com os preços. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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Na opinião dela, que fabrica a bala desde 1986, a situação vai melhorar nos próximos, mas dificilmente os preços voltarão ao mesmo patamar. “O único fator é o clima. Apesar das chuvas e do tempo nublado, já começou a esquentar. Estamos na mão de Deus”.

Produção

O Paraná não é um dos grandes produtores brasileiros de banana. Em 2015, o estado produziu 222 mil toneladas da fruta, bem abaixo dos líderes do ranking (Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina), que juntos somam mais 90% da produção nacional. No entanto, a atividade envolve 2,7 mil agricultores no estado, principalmente do Litoral, região que responde por 40% da produção paranaense. “A banana tem uma importância muito grande para o Litoral”, diz o secretário de Agricultura de Morretes, Fausto Ariel Simão.

Segundo Simão, que também é presidente do Sindicato Rural da cidade, a cultura da banana foi perdendo espaço ao longo dos últimos anos por causa da diversificação e do preço. “Antes, tudo era banana. Com o tempo, os produtores migraram para outras culturas, como o maracujá e o chuchu. A baixa remuneração também sempre foi entrave para o crescimento da produção”, conta.

Mas as coisas mudaram. O produtor Wilson Simão não tem motivos para reclamar. Ele produz 10 hectares de banana em Morretes e está satisfeito com os preços. “A banana normalmente é uma cultura que não paga os custos de produção. Em 2016 foi diferente. Quem conseguiu produzir bem, conseguiu bons preços. E espero que continue assim por um tempo”, torce.

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