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Sistema derruba uvas, mas mantém cachos no pé 
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O trabalho artesanal de colheita da uva começa a passar por transformações no principal polo produtor de vinhos da Argentina. A tradição de reunir centenas de trabalhadores para retirar os cachos da fruta já não é vista em alguns vinhedos, dando lugar às máquinas. A mudança ocorre pela falta de alternativa para contornar desafios como a escassez de mão de obra. A migração ainda avança lentamente e embora deixe a atividade menos poética, aumenta sua eficiência.

Mendoza é a capital da província com o mesmo nome, e fica próxima da fronteira com o Chile, a 1,2 mil quilômetros de Buenos Aires. A região encontra no relevo plano e nas boas condições climáticas as características ideais para a produção de uva e vinho, o que explica o destaque dos produtos dentro e fora da Argentina. Na maioria das propriedades, o cultivo difere das tradicionais parreiras, que ficam na posição horizontal. Longos corredores verticais compõem os vinhedos, numa estrutura semelhante às lavouras de café.

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Essas características, aliadas a transformações no mercado local, facilitaram a chegada das máquinas. Como o serviço nos vinhedos é temporário, muitos trabalhadores passaram a preferir outras áreas, explica Marcelo Belmonte, chefe de viticultura da vinícola Trapiche. “Cada vez menos gente quer trabalhar no campo e na colheita”, diz. A empresa possui duas máquinas, que trabalham em 800 dos 15 mil hectares cultivados. Os implementos fazem o serviço de até 100 pessoas, podendo ser realizado inclusive durante a noite. Como a temperatura é mais baixa, a fruta demora mais para iniciar o processo de fermentação, o que é benéfico na produção do vinho, destaca Belmonte.

Sistema derruba uvas, mas mantém cachos no pé 

Na vinícola Salentein a mecanização das lavouras começou em 2006 e hoje já é feita em 80% da área. Além da colheita, trabalhos como a poda e a pulverização também são feitos pela mesma máquina. “O investimento se pagou em quatro anos. É preciso ser eficiente, com o máximo de qualidade e rendimento”, afirma Diego Morales, chefe da área de vinhos da empresa.

A New Holland é a principal fornecedora desse tipo de máquina na Argentina. Gabriel Tronchoni, responsável pelo marketing da companhia no país, conta que as primeiras unidades chegaram nos anos 1980. Cada uma custa aproximadamente US$ 430 mil e é importada da França. Ele estima que 50 unidades foram negociadas no país desde a safra 2009/10. A empresa informa que existem estudos para viabilizar a venda desse tipo de maquinário no Brasil, mas nenhuma colheitadeira foi comercializada até agora.

O jornalista viajou a Mendoza a convite da New Holland.

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