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Aumento na safra faz produtores terem dificuldade para vender feijão no PR

Primeira safra de feijão ainda está em fase de final de colheita, mas produtores que já tem o grão para comercializar estão com dificuldades para fechar seus negócios. | JONATHAN CAMPOS/JONATHAN CAMPOS
Primeira safra de feijão ainda está em fase de final de colheita, mas produtores que já tem o grão para comercializar estão com dificuldades para fechar seus negócios. (Foto: JONATHAN CAMPOS/JONATHAN CAMPOS)

A quebra na safra de feijão no ciclo passado animou os produtores paranaenses a apostarem mais na cultura neste ano. O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), calcula que na primeira safra, no final da colheita agora, foram 198 mil hectares semeados em 2016/17, contra 185 mil em 2015/16 (aumento de 7%). Com clima melhor e área superior, o volume colhido no primeiro “lote” de feijão deve sair de 294 mil toneladas no ciclo passado para 350 mil toneladas agora (crescimento de 19%). Mas esses números, que parecem positivos, têm trazido dor de cabeça a quem cultiva o grão.

De acordo com o último levantamento do Deral, cerca de 75% da primeira safra de feijão já foi colhida. Mas, até agora, apenas 37% dessa produção foi vendida, por causa do preço. “Temos uma primeira safra boa neste ano, com área e rendimento maior que na safra anterior. Em termos de cotação, sempre que há a colheita de grãos há uma pressão sobre preços pela própria oferta”, explica o técnico do Deral, Edmar Gervásio.

O produtor Eucir Brocco, de Pato Branco, apostou 50 hectares de feijão carioca na primeira safra. Em uma das áreas ele colheu 18 sacas por hectare – com quebra por causa de uma estiagem – e em outra parte conseguiu colher 35 sacas/ha (a média do estado é de 30,3 sacas/ha). A lavoura foi colhida na metade de janeiro, mas ele conseguiu vender somente nos últimos dias. “Vieram três ou quatro compradores na minha propriedade, eles olharam e nem preço deram. Agora eu consegui vender, mas aqui na região teve dois ou três que comercializaram, o resto está tudo estocado”, relata.

Se eu sou comprador e quero pagar
R$ 100 e o produtor quer R$ 200 pela saca, não vai dar negócio nunca.

Alberto Santindiretor de comercialização da Cooperativa Agropecuária Tradição (Coopertradição), em Pato Branco.

O feijão não pode ficar armazenado mais do que dois ou três meses porque rapidamente muda a coloração e aumenta seu tempo de cozimento. Por isso, Brocco comemora o preço que conseguiu para a sua produção, de R$ 120 por saca de feijão carioca. Para se ter uma ideia da diferença na cotação, nessa mesma época no ano passado o preço médio pago ao produtor, segundo o Deral, era de R$ 171 a saca (diferença de 30%). Mas se for considerado o mês novembro de 2016 como base, quando a cotação atingiu preços mais altos por causa de uma quebra nas plantações, a diferença fica ainda maior: a média para a saca de carioquinha, nessa época, chegou perto dos R$ 200.

Quem tem a missão de reunir compradores e produtores para fechar negócios não tem tido uma vida fácil. Alberto Santin, diretor de comercialização da Cooperativa Agropecuária Tradição (Coopertradição), em Pato Branco, é uma das pessoas que está com essa ‘missão impossível’. “O produtor não quer vender nos preços atuais. O comprador não quer comprar nada acima dos níveis que estão. É matemática simples: se eu sou comprador e quero pagar R$ 100 e o produtor quer 200, não vai dar negócio nunca”, resume.

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