Esta terça-feira (24) trouxe uma boa e uma má notícia para os apreciadores de vinhos. A produção global deve cair ao menor nível desde 1961, divulgou a Organização Internacional do Vinho (OIV), em Paris. Por outro lado, o Brasil terá forte crescimento.
Após amargar produção baixa em 2016, em 1,3 milhões de decalitros (mhl), a produção nacional deve chegar a 3,4 mhl, segundo o órgão internacional. Um hectolitro é o mesmo que 100 litros, ou 133 garrafas de 750 ml de vinho.
“Saímos da menor safra da história para a maior. No ano passado, tivemos quebra de 57% no Rio Grande do Sul, em função de geadas fora de época e granizos no período de maturação , quando foram processados 300 milhões de quilos de uvas. Em 2017, tivemos média acima do normal. Processamos 750 milhões de quilos, superando 2011, quando foram 710 milhões”, explica o diretor técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), de Bento Gonçalves (RS), Leocir Bottega.
No mundo, a estimativa de produção de vinho total da OIV está entre 243 e 250 decalitros (mhl) - 8% menor do que o ano passado. “Na União Europeia, os eventos climáticos, de geadas a secas, impactaram significativamente a produção de vinho em 2017, que já era historicamente baixa”, informou a OIV em relatório divulgado nesta terça.
E o preço do vinho?
Os três principais produtores do mundo devem fechar o ano com quedas: a Itália em 39,3 mhl, a França em 36,7 mhl e Espanha em 33,5 mhl. Por outro lado, Portugal tem crescimento marginal da produção, chegando a 6,6 mhl. Outro grande produtor, os Estados Unidos (com 23,3 mhl) devem ter praticamente a mesma produção do ano anterior.
Apesar da redução global, não é possível estimar um aumento de preços, diz Leocir Bottega. “Os vinhos e derivados não dependem do mercado e sim da produção agrícola. Mas é difícil fazer uma previsão porque o mercado sempre teve oferta suficiente. Geralmente, o Brasil e outros países sempre têm excedente de produção, e essas variações não chegam a afetar [os preços]”, comenta o diretor técnico.
Geralmente, o Brasil e outros países sempre têm excedente de produção, e essas variações não chegam a afetar os preços,
De acordo com a OIV, o consumo estimado para este ano é de entre 240 e 245,8 mhl, ou seja, um dado similar à produção global.
Produção: vinhos argentinos e chilenos
Enquanto a África do Sul está estável (10,8 mhl), a América do Sul cresceu seus lotes graças a um país: a Argentina. Nossos ‘hermanos’ aumentaram em 25% a produção de vinho comparado a 2016, chegando a 11,8 mhl. Esse foi o melhor resultado do país vizinho dos últimos anos.
Principal concorrente do vinho argentino, o Chile está na direção oposta: perdeu 6% da produção comparado ao ano passado, com registro de 9,5 mhl em 2017.
Outra fonte produtora é a Oceania. A produção da Austrália deve crescer 6%, chegando a 13,9 mhl. Porém, a Nova Zelândia deve amargar queda de 9% na produção, ficando em 2,9 mhl.
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