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MERCADO EXTERNO

Feijão brasileiro ganha espaço na mesa dos vegetarianos da Índia

O carioca é o principal tipo de feijão consumido no Brasil e também o mais exportado | Antônio More/Gazeta do Povo
O carioca é o principal tipo de feijão consumido no Brasil e também o mais exportado (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Depois de o Ministério da Agricultura anunciar a abertura do mercado indiano para a carne suína brasileira, agora chegou a vez das nossas leguminosas brigarem por mais espaço nas gôndolas e prateleiras do país asiático de R$ 1,3 bilhão de habitantes. Uma comitiva de empresas brasileiras está em terras indianas neste momento negociando melhores oportunidades para os produtos nacionais, em especial feijão, mas também milho-pipoca, açaí, tapioca e sucos de frutas, entre outros.

No caso do feijão, carro-chefe do Brasil no mercado de pulses (leguminosas em grãos, secas e usadas na alimentação humana ou animal), os representantes do setor esperaram dobrar a quantidade do produto embarcado para a Índia nos próximos três anos. O país asiático atualmente já é o maior importador do nosso feijão – foram quase 40 mil toneladas embarcadas em 2017, o que representa 43% das vendas externas do Brasil.

“A China, que é o grande fornecedor de feijão para o mundo todo, vem diminuindo suas áreas plantadas e a projeção é de que se tornem importadores. Isso começou a abrir espaço para o Brasil, que produz até três safras por ano de feijão”, observa Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe). Ele é um dos agentes de uma comitiva brasileira de 20 empresas que foram a Nova Déli e Mumbai expor o potencial do feijão e outros pulses nacionais para o mercado indiano. A missão foi organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em parceira com o Ministério das Relações Exteriores.

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Na visita a Nova Déli, o chef curitibano Yuri Ogurtsova, do Tuk-Tuk, especializado em culinária asiática, preparou oito receitas de feijão brasileiro com temperos indianos para convidados locais. A ação faz parte da estratégia para convencer os indianos de que o produto brasileiro é bom mesmo.

A aposta dos produtores é ampliar a exportação de feijão em número e diversidade, especialmente do tipo carioca, que hoje representa 60% da produção nacional. “Há cinco anos, ofertávamos apenas duas variedades de feijão para o mundo. Hoje estamos ofertando sete. Nossa expectativa é que daqui a dois anos possamos disponibilizar até 15 variedades para exportação”, comenta Lüders.

A Índia também é a saída para resolver um problema interno do Brasil, que é quando sobra feijão no mercado e não há para quem exportar, já que o país exporta só 3% do total de sua produção. Além disso, o setor quer diversificar o consumo de diferentes tipos da leguminosa no mercado nacional para além do feijão carioca.

Questão cultural

Por questões culturais e religiosas, a Índia tem uma grande quantidade de vegetarianos, que precisam incluir no cardápio diário outras proteínas em substituição à proteína animal. Neste caso, os pulses são a melhor opção. Além disso, a enorme população do país – cerca de 1,3 bilhão de habitantes – e os problemas de desabastecimento hídrico e defasagem tecnológica pressionam a produção interna de pulses.

Melhor para o Brasil, que espera alcançar a meta de triplicar a exportação sem muito esforço. “Tínhamos essa meta antes mesmo do apoio formal do governo brasileiro e de agências. Não tenho dúvida de que agora ela será ultrapassada, inclusive por causa do crescimento do consumo interno na Índia e a redução da produção da China”, afirma Lüders.

Em 2017, a exportação de feijão para a Índia movimentou US$ 34,2 milhões. Em 2013, segundo informações da Apex-Brasil, o volume de vendas externas para aquele país somou apenas US$ 6,4 milhões (26% do total de feijão exportado). O crescimento em quatro anos foi de 433%. Para Lüders, isso mostra o porquê de o setor estar tão otimista com a Índia. “Estamos confiantes, pois qualquer nicho de mercado aqui significa 200 milhões de habitantes, ou seja, é um Brasil”, conclui.

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