Prudentópolis - Num ano em que o Brasil se obrigou a acrescentar água na feijoada devido à queda na produção, a Capital Nacional do Feijão Preto tem motivos de sobra para encher bem o caldeirão de 12 toneladas que vai servir 50 mil pessoas até domingo. A Festa Nacional do Feijão Preto de Prudentópolis, a 200 quilômetros de Curitiba, comemora os bons preços ao produtor e anuncia aumento no cultivo, um alento para os consumidores, que estão pagando 25% a mais pelo alimento na comparação com os preços do varejo de agosto passado.
Sim, o brasileiro está colocando mais água na panela -- mesmo quando não recebe visita --, mostram as estatísticas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). A produção de 2012/13 é de 2,8 milhões de toneladas em três colheitas, para um consumo de 3,4 milhões de toneladas, o menor dos últimos cinco anos. Como as importações não cobrem essa diferença de 500 mil toneladas, os preços sobem e inibem as compras. Em relação ao ano passado, o consumo está caindo meio quilo por habitante, conforme a Conab. Tem feijão a mais de R$ 5 o quilo em praticamente todos os supermercados, seja preto ou carioca.
O produtor Romildo Salanti, de Prudentópolis, conseguiu negociar a safra de feijão preto por R$ 150 e está animado. “No ano passado, vendi cada saca por R$ 90”, lembra. Ele plantou 24 hectares de feijão preto neste ano e pretende ampliar o cultivo em 20%. Para colher 35 mil toneladas, o município cultiva 32 mil hectares de feijão -- a maior área do Paraná, que é o maior produtor da leguminosa, com 23% da colheita em 2012/13. Esse estímulo que os preços provocam na produção promete reduzir os preços a partir de janeiro.
Vanderlei Baldissera é um dos principais cerealistas de Prudentópolis. Num momento de escassez, ele tentou importar o maior volume possível de feijão da China e da Argentina, mas não conseguiu concretizar seus planos. Com pouca produção excedente, os chineses recuaram no mercado internacional, relata. E o fornecimento da Argentina também decepciona. Assim, os lucros dos cerealistas também ficaram aquém do previsto. “Vendo feijão para praticamente todos os estados”, conta Baldissera.
Os produtores de Prudentópolis recebem estímulo também do governo para ampliar as lavouras. O reajuste do preço mínimo do feijão preto -- especialidade do município -- foi maior do que o do carioca. Na última safra, os programas de garantia do governo federal usavam a cotação de R$ 72 por saca de 60 quilos para os dois casos. Em 2013/14, o preto passa a R$ 105 e o carioca a R$ 95. De janeiro a julho, Brasil importou 168,6 mil toneladas de feijão (152,9 mil t de feijão preto).
O município tem 8 mil agricultores que trabalham com feijão em pequenas áreas e tenta avançar em produtividade. Cara produtor dedica, em média, 4 hectares à cultura, ou quatro campos de futebol. Com produção em escala e mais tecnologia, Castro, na mesma região, produz volume 15% maior em área 50% menor, alcançando 40 mil toneladas ao ano.
Serviço: A 4ª Festa Nacional do Feijão Preto de Prudentópolis (Fenafep) começou quinta-feira (8) e segue até domingo (12). Mais informações: www.prudentopolis.pr.gov.br.
500 mil toneladasde feijão a menos que o volume necessário para o consumo interno estão sendo produzidas no Brasil em 2012/13. Devem ser importadas 400 mil toneladas e o restante vai reduzir os estoques.
500 gramasa menos de feijão por pessoa estão sendo consumidos no Brasil neste ano. A conta vem da divisão do volume consumido pelo número de habitantes. O consumo per capita está em torno de 17 quilos.
800 quilosde ingredientes estão sendo usados na feijoada de Prudentópolis, prato principal do almoço deste sábado na Festa Nacional do Feijão Preto. A panela vazia pesa 12 toneladas e é considerada a maior do mundo.
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