José Gardingo mostra espigas colhidas nos Campos Gerais| Foto: Josua© Teixeira/gazeta Do Povo

Grãos menores, plantas mais baixas, produção comercial incipiente. O milho doce aparentemente tem uma série de desvantagens diante do milho comum. Voltado para o consumo humano, no entanto, promete se tornar uma alternativa de peso. Comum nas prateleiras de supermercados em espigas e enlatado, tende a ganhar escala no campo e cadeia industrial, como ocorre nos Estados Unidos, onde a produção supera 4 milhões de toneladas ao ano.

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O Brasil ainda não tem produção de sementes em escala comercial, mas a pesquisa avança neste sentido. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo iniciou as pesquisas em 1979. A semente está registrada no Ministério da Agricultura e é vendida para universidades e produtores rurais. A pesquisadora da área de Melhoramento de Milho Doce na Embrapa Milho e Sorgo, Flávia França Teixeira, lembra que a produção brasileira não está quantificada, mas é voltada para o consumo in natura e para a indústria de enlatados.

O milho doce e o superdoce diferem nas características genéticas e, como o nome diz, na quantidade de açúcar. O milho doce concentra de 9% a 14% de açúcar no grão, enquanto que o superdoce tem de 15% a 25% de açúcar. No milho verde convencional, a concentração é de apenas 3%. A maior quantidade de açúcar compensa a menor concentração de amido em relação ao milho convencional.

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O sabor mais atraente é arma dos pesquisadores que querem disseminar a produção. O curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desenvolve pesquisas, desde 2007, numa área experimental na Fazenda Escola. A boa safra deste ano surpreendeu o professor coordenador da pesquisa, José Raulindo Gardingo. Ele conta que comprou as sementes da Embrapa e selecionou as melhores, safra a safra. “Não sei se foi a estiagem, mas nós chegamos à produção de espigas em tamanho comercial com apenas cerca de 15 centímetros”, afirma.

Ele enumera as vantagens do milho superdoce em relação ao convencional. “Ele cozinha mais rápido, em torno de cinco minutos, dura mais na geladeira, dá para fazer sorvete e bolo, e é mais saboroso”, conta. Para o produtor, também há benefícios. “Ele pode ser plantado em áreas pequenas e ser colhido rapidamente [após ciclo de 100 dias]”, diz. O professor recomenda que o plantio não seja feito em áreas onde há lavouras de milho convencional por perto, porque pode ocorrer a reprodução. Uma espiga de milho doce ou superdoce pode ter grãos do milho normal. “A retirada, então, tem que ser manual mesmo”, comenta.

A intenção do pesquisador é melhorar o aproveitamento da lavoura. Hoje, 60% das plantas da área experimental dão espigas com características comerciais. A meta é chegar a 80%, ou seja, próximo do milho convencional, que tem índice de aproveitamento de 90%. Após essa etapa, a UEPG vai buscar o registro no Ministério da Agricultura.