A stevia é, definitivamente, o adoçante do momento. O valor de mercado internacional do produto deve saltar dos US$ 347 milhões em 2014 para mais US$ 565 milhões até 2020, estima a consultoria Future Market Insights.
Desde que foi aprovado pela Comissão Europeia, no final de 2011, o produto vem ganhando mercado. De 5 milhões de toneladas produzidas há quatro anos, devem ser 8,5 milhões em 2020. Mas pode não ser o suficiente.
“[O adoçante extraído da planta de stevia] tem crescido muito desde a aprovação na Europa. Grandes companhias têm investido, mas percebemos que são produtos que aparecem e desaparecem. Isso acontece porque nem sempre há matéria-prima para a indústria”, explica o Dr. Ilio Montanari Junior, pesquisador agrônomo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Segundo o especialista, é preciso 200 mil mudas por hectare para a produção em massa e, simplesmente, não há um bom cultivar de semente para dar conta do recado. Para suprir a demanda, as indústrias utilizam a técnica da clonagem de mudas, o que inviabiliza a stevia para muitos agricultores. O trabalho de Montanari é justamente desenvolver um cultivar que possa ser utilizado por pequenos agricultores, o que deve durar mais alguns anos.
“Para satisfazer a atual demanda é preciso um plantio muito grande, e quem faz isso com mão de obra barata é a China. Como falta matéria-prima, os produtos não aparecem, e isso só vai ser resolvido na hora que tivermos cultivares de sementes, e não de clones”, afirma. Atualmente, os maiores produtores globais são: Paraguai (de onde a planta é nativa), Estados Unidos, Quênia e China.
Mistura de stevia com açúcar
Mas as indústrias parecem ter encontrado uma solução. Alguns refrigerantes são adoçados com stevia e açúcar de cana, como a ‘Coca-Cola Verde’. Terceiro maior produtor de açúcar do mundo, o Grupo Tereos lançou neste mês - por meio da marca Guarani - o açúcar refinado stevia, inédito no Brasil. Segundo a empresa, a inovação não tem a ver com a dificuldade de acesso à planta: a justificava é a saúde do consumidor.
“Cada produto tem características próprias e é voltado para diferentes perfis de consumidores. O açúcar stevia pode ser considerado uma nova categoria, destinado a um público que não quer abrir mão do prazer do sabor do açúcar e ao mesmo tempo procura uma dieta calórica mais equilibrada”, diz Gustavo Segantini, gerente de marketing e produtos de varejo da Tereos.
Por ser natural e extraído da planta de stevia, o adoçante é considerado mais saudável do que outros sintéticos, como aspartame e sacarina.
“A stevia tem toda essa ideia de tanto de bem-estar como de saúde”, admite Ilio Montanari. “Mas essa questão da mistura com açúcar me parece muito por falta de matéria prima, já que a stevia é mais saudável do que o açúcar. Talvez resolva parte da demanda alimentar por menos calorias, mas certamente não se fazem mais produtos por falta de matéria prima”, opina o doutor.
Açúcar
E se por um lado não há muita disponibilidade de stevia, açúcar é que não falta. Segundo a União Brasileira da Cana-de-Açúcar (Unica), houve leve redução de 38,7 milhões de toneladas para 38,5 milhões de açúcar produzido no Brasil, comparadas as duas últimas safras.
A indústria sequer se assusta com a redução da próxima safra, que deve ficar abaixo de 30 milhões de toneladas no centro-sul do Brasil, contra 36 milhões na atual safra, segundo a consultoria Canaplan.
“Isso é reflexo do mercado internacional, predominantemente do aumento de produção na Ásia. Já a redução do consumo no setor industrial passa muito mais pelo efeito da recente crise econômica no Brasil. Por isso, com a expectativa de volta do crescimento do PIB, esse cenário deve mudar. As vendas do açúcar no varejo, no ano passado, tiveram crescimento de consumo (cerca de 2%)”, afirma Jacyr Costa Filho, diretor da Região Brasil do Grupo Tereos.
Outro motivo para redução da safra de açúcar no Brasil tem a ver com o etanol. “Com a variação dos preços da gasolina e a queda nos preços do açúcar no mercado internacional, o etanol, desde o ano passado, tornou-se mais atraente para os produtores aqui no Brasil”, diz Costa Filho.
Atualmente, cerca de 65% da cana-de-açúcar do país está direcionada para produção do combustível. No mesmo período do ano passado, 43,06% da cana tinha sido usada para produzir açúcar.
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