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Com um incremento de mil toneladas na produção por safra Paraná pode ampliar oferta em até 50% nos próximos anos, dizem pesquisadores. | Brunno Covello / Gazeta Do Povo
Com um incremento de mil toneladas na produção por safra Paraná pode ampliar oferta em até 50% nos próximos anos, dizem pesquisadores.| Foto: Brunno Covello / Gazeta Do Povo
  • Vale da Seda que congrega 29 municípios e reúne a maior parte das 8 mil pessoas envolvidas com a atividade no estado.
  • Pesquisas tentam trazer avanços no beneficiamento da produção de casulos.

O tombo de 73% em menos uma década na área dedicada a produção de seda no Paraná não significa que a atividade esteja fadada a extinção no estado. Apostando na qualidade da produção e no aquecimento da demanda internacional, técnicos e produtores apostam que os campos de amora podem ganhar novo fôlego nos próximos anos.

Mesmo com a retração na área de cultivo, o estado segue sendo líder na produção nacional. Em 2015/16, o Paraná produziu 2,1 mil toneladas de casulos – montante equivalente a 86% da produção nacional e que supera em 5% o ano anterior. Para o técnico do Instituto Emater e gerente da Câmara Técnica da Seda no Paraná, Oswaldo da Silva Pádua, com um incremento de mil toneladas na produção por safra é possível ampliar a oferta em até 50% nos próximos anos.

“O fio de seda paranaense é considerado o melhor do mundo e o mercado internacional está superaquecido. Não se exporta mais porque não há produção suficiente de casulos para atender a demanda”, avalia Pádua. Os casulos paranaenses atendem principalmente a indústria de fabricação de fios crus que depois são exportados para França, Itália e Japão.

O incremento é lastreado por ganhos de produtividade, que saltou 12% nesta temporada (564 quilos/hectare). Fatores como avanço na pesquisa e maior mecanização dão sustentação ao crescimento, indica a agrônoma da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Gianna Maria Cirio. Equipamentos que ajudam a driblar a escassez de mão de obra permitem que atividades como a retirada dos casulos dos bosques nos barracões de criação sejam feitas em 15 minutos – antes a tarefa durava até quatro horas.

O modelo gera benefício certeiro para as pequenas propriedades, indica o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Ruy Seyji Yamaoka. “Hoje o tamanho da área dedicada, em média, é inferior a dois hectares, mas com uma produtividade alta graças à mecanização, à introdução de novas variedades e formas de plantio, com mudanças no espaçamento, nutrição e adubação das amoreiras”, diz.

Pesquisas tentam trazer avanços no beneficiamento da produção de casulos.

Impulso regionalA sericicultura ajuda a dinamizar economias regionais. Pádua, da Emater, indica que o ganho dos produtores pode chegar a até R$ 15 mil por hectare. O principal exemplo é o Vale da Seda que congrega 29 municípios e reúne a maior parte das 8 mil pessoas envolvidas com a atividade no estado.

Situada no Vale, a cidade de Nova Esperança (Noroeste) ampliou a produção em 25% neste ciclo, chegando a 425 toneladas. O crescimento é puxado pela motivação de produtores como Ailton Alanis, que utiliza a mão-de-obra familiar para manter três barracões de casulos, que renderam, na última safra, 11 caixas. “Só não ampliamos mais a área porque não temos mão de obra para trabalhar” revela.

Foco no mercadoPara que a atividade continue viável o setor reforça investimentos em pesquisa. Uma das principais referências no estado é a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que possui um laboratório de melhoramento genético considerado referência nacional. Com um banco de 35 germoplasmas, a UEM desenvolveu híbrido rústico mais adaptado às fiações artesanais. Além disso, estuda a sintetização de corantes para colorir a seda – em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul - e a produção de fármacos para o controle de pragas nas amoreiras, como o amarelidão. “Também temos estudos sobre os efeitos dos herbicidas aplicados em outras culturas em áreas próximas podem afetar a sericicultura”, diz a professora Maria Aparecida Fernandez, coordenadora do laboratório.

Vale da Seda que congrega 29 municípios e reúne a maior parte das 8 mil pessoas envolvidas com a atividade no estado.

A UEM também abriga o Instituto Vale da Seda, que estimula o aproveitamento da seda produzida na região para a fabricação de roupas e tecidos. “ A intenção é aproveitar o polo de vestuário da região, onde estão 2,3 mil empresas do setor, para desenvolver essa cadeia”, diz o presidente do instituto, João Berdu Garcia Júnior. Atualmente apenas 5% do fio produzido aqui é beneficiado no Brasil. “Exportamos o fio e importamos a roupa de grife. É preciso criar novos elos dessa cadeia aqui no país”, completa.

Além de oficinas para capacitação de designers da seda junto a alunos das escolas de moda da região, estão sendo desenvolvidos novos produtos a partir da seda, como acessórios, itens de decoração e novos tecidos. O maior exemplo é o da renda Paraná, um tricô feito com seda que será usado em roupas que o estilista Ronaldo Fraga deve apresentar na próxima edição do São Paulo Fashion Week.

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