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| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

A data não poderia ser melhor para comemorar: sexta-feira. Neste dia 3 de agosto, é comemorado o dia mundial da cerveja. E, se depender do campo, a gelada está garantida para o resto do ano. Além da área relativamente maior na temporada 2017/18, a expectativa é de aumento da safra nacional de cevada, o principal insumo da bebida.

A produção está concentrada no Sul do país, principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul. Os gaúchos lideram em área cultivada, ao passo que os paranaenses ganham em produtividade e produção. Neste ano, a tendência é de que o clima colabore e a colheita no país chegue a 427 mil toneladas, de acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella. O número representa um aumento de 51,4% no comparativo com o último ciclo.

Segundo Minella, o cenário é positivo para a cevada recém-semeada no Sul. Segundo ele, o rendimento médio pode passar dos 3 mil kg por hectare. Na safra passada, havia sido de 2,6 mil kg/ha.

Além de preparar o solo para a safra de verão, o “destino certo” – ou liquidez - da cevada é um dos principais atrativos para o produtor que opta pelo cereal no inverno. As empresas estabelecem contratos de compra com os agricultores antes mesmo da semeadura, muitas vezes fornecendo até os insumos. O pagamento tem como referência o trigo, desde que os grãos atinjam o padrão mínimo de germinação de 95% exigido para a indústria de malte. “O produtor sabe o quanto poderá receber com a venda ainda antes do plantio, o que permite ajustar o custo de produção à remuneração acertada para a entrega”, observa Minella.

O principal desafio costuma ser exatamente o clima subtropical, que não é mais adequado aos cereais de inverno. O maior problema é a chuva durante colheita, que afeta o teor de germinação dos grãos da cevada cervejeira e desqualifica o produto para a indústria de malte.

Ainda assim, nestas condições, os grãos são destinados à alimentação animal. A remuneração é mais baixa (no máximo 50% do valor da cevada com padrão cervejeiro), mas o destino pelo menos é certo. “No mundo, 2/3 da cevada produzida têm como destino a alimentação animal”, explica Minella. Segundo o pesquisador, a cevada para a produção animal é garantida principalmente para bovinos, devido ao alto teor de proteína dos grãos, o que melhora o rendimento de carne e leite.

Crescimento no Paraná

Enquanto a área final ainda não está definida no Rio Grande do Sul (expectativa de 65 mil ha) e em Santa Catarina (1,3 mil ha), no Paraná a semeadura encerrou com crescimento de 7%, chegando a 54 mil ha. O aumento é resultado do incentivo da Cooperativa Agrária, de Entre Rios (região de Guarapuava). A cooperativa é proprietária da maior maltaria da América Latina. Somente para abastecer a Agrária Malte, seriam necessárias 400 mil toneladas de cevada cervejeira. Na maltaria da AmBev, em Passo Fundo (RS), a demanda é de 150 mil toneladas de cevada por ano.

De acordo com o departamento técnico da Agrária, 60% dos cooperados cultivam cevada todos os anos. Na maioria dos casos, a cultura entra na rotação com trigo e aveia no inverno. “Apesar dos problemas com o clima no ano passado, com seca na implantação da lavoura e chuva na colheita, nossos produtores colheram a média de 3.630 kg/ha com padrão cervejeiro. A qualidade foi satisfatória, mas não atendeu nossa expectativa em quantidade”, conta o engenheiro agrônomo Silvino Caus. Para este ano, entretanto, a expectativa é diferente. Os cooperados semearam 34 mil hectares com cevada nesta safra, com previsão de chegar aos 4.500 kg/ha na média de rendimentos nas lavouras.

Para atender a demanda, a Agrária vêm expandindo sua área de atuação, mirando a produção do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Os cooperados contam com o fornecimento de todos os insumos, o que assegura os bons resultados em qualidade e quantidade. Porém, o fomento também acontece junto a outros produtores, não cooperados, que não recebem os insumos, mas estabelecem contratos de compra com a cooperativa”, explica Caus.

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