Um ano após o governo do Paraná anunciar programa de incentivo ao plantio de seringueiras no estado, o projeto praticamente não avançou nem sequer um hectare. De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), o momento é de capacitação dos trabalhadores dos viveiros de mudas. As variedades desenvolvidas especificamente para o Paraná ainda não existem em grande quantidade. Quando começar a produção das plantas, ainda serão necessários 18 meses para que a espécie atinja o estágio ideal antes de seguir para o campo.
Em janeiro do ano passado, quando a Sumitomo anunciou a construção de uma fábrica de pneus na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) para outubro deste ano, o governo prometeu liberar R$ 800 mil para subsidiar 50% a compra de mudas. A fábrica, no entanto, deve começar suas operações com matéria prima importada e de São Paulo, pois não haverá oferta no Paraná. O Brasil produz apenas 30% do látex que consome.
A cooperativa Cocamar, de Maringá, também tem intenção de incentivar a cultura da seringueira entre os seus associados. “Nós temos planos de levar o projeto para o campo, mas no momento está parado, esperando ajustes. A ideia é lançar ainda esse ano”, afirma Robson Ferreira, coordenador de culturas perecíveis da Cocamar.
O projeto de incentivo, do qual participam o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto Emater, nas áreas de tecnologia e assistência técnica, prevê a capacitação de técnicos, que vão aprender a produzir mudas adequadas ao solo do estado. Além dos pesquisadores, o objetivo é que técnicos ajudem os produtores rurais no plantio de florestas, dando consultoria aos interessados.
“Outras iniciativas privadas devem acontecer depois do incentivo do governo”, projeta Amauri Ferreira Pinto, coordenador estadual de produção florestal da Emater.
A favor
As boas condições de solo e clima para a produção de borracha de qualidade justifica o plano de expansão da cultura no Paraná. A seringueira precisa de clima quente para crescer e, principalmente, produzir. Por isso, as futuras florestas estarão concentradas na região Noroeste.
“A planta precisa de solo profundo [um metro] e boa temperatura para ter condição de fertilidade. Além disso, geada na fase de germinação pode exterminar o broto”, explica Ildefonso José Haas, coordenador regional de agricultura da Emater Londrina. “Por conta desses motivos que nunca terá seringueira na região de Curitiba”, destaca Pinto.