Soares recupera confiança na cultura em ano bom de preço| Foto: Osmar Nunes/gazeta Do Povo

Segundo maior produtor de mandioca no Brasil – com 4,1 milhões de toneladas produzidas em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, o Paraná registra salto de 66% no preço da raiz desde julho. A tonelada atingiu R$ 343,91 no último mês, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Favorável aos produtores, o fato reflete a escassez de matéria-prima, que prejudica a indústria.

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O tempo seco é apontado pelos técnicos da Seab como o fator que iniciou o ciclo de alta nos preços. No começo do ano, a falta de chuvas ocasionou uma quebra de safra na região Nordeste do país, principal região produtora e consumidora. Com isso, a região recorreu ao produto paranaense para satisfazer a demanda. "Muita farinha foi vendida para o Nordeste. Então, não há muita mandioca disponível agora", explica Methodio Groxko, economista do Departamento de Economia Rural da Seab (Deral).

Ele diz que alta nas cotações do milho também inflacionou a mandioca. "O amido de milho concorre com a fécula da mandioca. Se ele sobe, junto vem a farinha e a raiz", observa. Outro aspecto relevante é a falta de terras para expandir a produção, devido à concorrência com culturas valorizadas como soja, milho e cana.

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"O Paraná tem a melhor produtividade para a mandioca, mas não tem terras disponíveis", avalia. Segundo o técnico, o fato da área plantada estar caindo, mesmo com bons preços, confirma a situação. A Seab projeta queda de 3,3% no total plantando, de 180 mil em 2011/12 para 174 mil no ciclo 2012/13.

No lado das indústrias, os altos preços e a escassez de matéria-prima têm gerado ociosidade. "A indústria teve que diminuir a produção gradativamente e em alguns casos parar temporariamente", relata João Eduardo Pasquini, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (Simp). O dirigente explica que o fato atinge mesmo a região de Paranavaí, principal produtora e processadora da raiz, o que tem feito com que muitas empresas operem no vermelho.

Indústrias de fécula como a Cooperativa Lar, de Medianeira (Oeste) devem alterar os preços dos derivados, visando à equalização de custos. "Nesses últimos meses a margem da indústria diminuiu", resume Giovani Gaio, gestor de vendas da cooperativa.