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Uso de água sem outorga na agricultura, prática comum em São Paulo, agora vem sendo vetado. Foto Jonathan Campos | Jonathan Campos
Uso de água sem outorga na agricultura, prática comum em São Paulo, agora vem sendo vetado. Foto Jonathan Campos| Foto: Jonathan Campos

O rigor que São Paulo passou a adotar na fiscalização e na outorga para uso agrícola de água reduz a produção de alimentos irrigados. A crise hídrica e energética promete abrir espaço para a “exportação” de alimentos in natura do Paraná para o Sudeste. A previsão é do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

O Paraná não teve perdas como as registradas em São Paulo e Minas Gerais por falta de água em janeiro e estaria em condições de atender essa demanda.“Houve um pouco de excesso de calor em janeiro, mas não chegou a afetar a produção de hortifrutigranjeiros, porque não chegou a faltar água”, afirma o coordenador estadual de Olericultura da Emater, agrônomo Iniberto Hamerschmidt.

Em São Paulo, as perdas chegam 40% devido à estiagem, sem contar o recuo na produção relacionado à fiscalização mais rigorosa das outorgas. De um grupo de 100 unidades fiscalizadas, 40 tiveram bombas lacradas e a produção prejudicada.

O governo paulista tenta impedir a captação de água de represas, rios e nascentes por agricultores que não possuem outorga. A fiscalização foi acentuada em janeiro, após decreto que sujeita os produtores irregulares a multas e interdições.

A região mais afetada foi a do Alto Tietê, cinturão verde do estado, onde cerca de 80% dos proprietários rurais estão irregulares, segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

Por enquanto, ainda não há remessa extra de hortifruti do Paraná para São Paulo, observa o assistente de Mercado da Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) em Curitiba, Evandro Pilati. O intercâmbio de produtos entre os Ceasas dos estados segue dentro do normal, avalia o técnico.

No entanto, o mercado paranaense sente que não pode mais contar tanto com os produtos que eventualmente vêm do Sudeste. Os estados que mais remetem alimentos para o Paraná são São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “A escassez de alimentos nestes estados interfere nos preços aqui, mas o mercado não está desabastecido [devido ao momento de estabilidade na produção paranaense] e a oferta continua boa”, avalia Pilati.

Segundo Hamerschmidt, o risco é de alta além do normal nos preços de alimentos como cebola e batata nos próximos meses. “Vamos precisar importar batata e cebola na entressafra, a partir de abril.”

A dimensão do mercado que se abre à produção paranaense no Sudeste ainda vem sendo avaliada. Para aproveitar a oportunidade , a região terá de estabelecer também nova logística.

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