“Paranaenses unidos em busca do pinhão gigante”: Parece até nome de filme de “Sessão da Tarde”, mas não, leitor, aqui não tem nada de “muita confusão”.
Na verdade, é isso o que a gente poderia dizer de um concurso inédito que está sendo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). O tema, vocês já devem ter imaginado. O motivo, a preservação das araucárias, ou pinheiros-do-paraná. E a data não poderia ser melhor: a largada da temporada do pinhão no estado, que é neste sábado (1º), quando a colheita e a venda das sementes passam a ser permitidas por lei.
Os organizadores contam que o “Concurso da Pinha Gigante” vai premiar quem levar à banca julgadora os maiores frutos da araucária. Mas a regra é clara: pra concorrer, só as pinhas que tiverem mais de 5 kg (o peso geralmente fica na faixa de 4,7 kg) e o candidato tem que saber – e dizer – de onde elas foram retiradas. “Queremos evitar que se percam informações sobre essas árvores. Sabendo onde estão, podemos utilizar a tecnologia que dispomos para cloná-las e produzir mudas com a mesma qualidade”, diz o professor da UFPR Flávio Zanette, que dirige a competição. “Essa é a melhor forma de preservar”, completa.
Clones
E é isso, mesmo. A ideia da equipe de professores e pesquisadores é clonar essas araucárias superprodutivas, por meio da enxertia, guardando e multiplicando o material genético delas. É que a espécie corre risco de extinção, e muitos dos exemplares que tinham rendimentos excelentes já foram derrubados no passado, isto é, o DNA deles se perdeu e restaram apenas aqueles, digamos, mais modestos. “No passado, as araucárias cobriam toda a nossa região. Hoje, temos de 2% a 3% da cobertura original”, conta o pesquisador da Embrapa Florestas Ivar Wendling, que também desenvolve uma série de projetos para assegurar que a árvore-patrimônio do Paraná não desapareça.
E talvez você esteja pensando “ah, mas quando a gente pega a estrada tem um monte de araucária”. E realmente, tem. Mas essas árvores, em geral, são mais velhas, com até 100 anos de idade, e já não conseguem se reproduzir. Além disso, na floresta fechada, as mais jovens não chegam a crescer a ponto de se tornarem produtivas por causa da falta de luz.
“Carinho pela espécie”
Por isso, uma das metas da Embrapa, é incentivar a produção e o uso agropecuário das araucárias. “Hoje, há um desestímulo, porque ela leva de 15 a 20 anos para começar a produzir”, explica Wendling. “Mas hoje já temos variedades que já dão pinhão com seis anos, conseguimos ter árvores de tamanhos diferentes e que produzem em épocas diferentes. Gerando renda, nós diminuímos a pressão sobre as árvores nativas, o que é uma forma de preservar. Só proibir em determinadas épocas não adianta. O produtor que planta com intuito de ter retorno vai cuidar”, acrescenta o pesquisador.
Sobre o concurso
Se você tiver uma pinha de mais de 5kg - e souber de onde ela veio, é claro – é só procurar o setor de ciências agrárias da UFPR, que fica no bairro Juvevê, em Curitiba (PR). Os ganhadores serão premiados com mudas de alta produtividade, vindas do já famoso pinheiro de Caçador (SC). O primeiro colocado leva 100 mudas, o segundo, 50, e o terceiro 20 mudas. O concurso vale até o dia 25 de abril. Mais informações: (41) 3350-5650 / flazan@ufpr.br
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