Entre os estandes mais visitados da Agrishow Ribeirão Preto (SP), feira de tecnologia realizada no início do mês, estava o de uma empresa que desenvolveu um equipamento para extração de óleo vegetal em pequena escala. A Granja Tec, com sede em Itirapina (SP), oferece soluções para esse fim há 10 anos. A função do equipamento sempre foi a de melhorar a qualidade do farelo. Com o processamento mecânico da olegainosa, sem o uso de vapor e solvente, é possível obter uma farelo protéico natural e um óleo virgem de melhor qualidade sem reação química.
Até aí, nada de novidade, não fosse o fato de o equipamento ter sua função redirecionada para a produção de biodiesel, hoje o principal apelo de vendas da Granja Tec. "Não foi necessário fazer nenhuma adaptação. O equipamento é o mesmo e faz a mesma coisa", explica o diretor Antonio Carlos Benício, que justifica o interesse maior pela tecnologia à mudança provocada no mercado de grãos e de combustíveis com a entrada do biodiesel.
Os clientes da prensa são produtores de soja, girassol, canola e algodão. O equipamento, com capacidade para processar 1 tonelada/hora de soja custa R$ 290 mil. O maior, para 2 toneladas/hora, ou 300 litros de óleo, sai por R$ 480 mil. O produto final da extração é o óleo virgem, que para virar biocombustível precisa passar por um novo processo, que é a transesterificação, que separa o óleo da glicerina.
A nova etapa é realizada em usinas de biodiesel, que também podem ser instaladas dentro da propriedade rural, a um custo de R$ 800 mil para o processamento de 6 mil litros de óleo de soja por dia.
Segundo o diretor da Granja Tec, o objetivo é reduzir os custos na propriedade. "O litro do diesel, que na bomba custa R$ 2, pode cair para R$ 1 com o biodiesel fabricado para consumo próprio." Além disso, o farelo pode ser utilizado na formulação de ração animal e a glicerina vendida para indústrias de cosméticos, destaca Benício.
Definição O biodiesel é obtido através da reação de óleos vegetais ou gordura animal com álcool, na presença de um catalisador, em processo conhecido como transesterificação. No Brasil, a partir do próximo ano é obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao diesel comum. A mistura é chamada de B2. Para uso particular, dentro da propriedade, é permitido o uso de até 100% de biocombustível. Máquinas agrícolas já saem da fábrica certificadas para uso de B2 a B20.