Veranicos que frustraram produção de verão incentivaram novo incremento do plantio da segunda safra de soja. Agora, Paranguai depende da safrinha para superar marca dos 9 milhões de toneladas.| Foto: Albari Rosa

Santa Rosa del Monday (Paraguai) - O Paraguai adiou a meta de alcançar 10 milhões de toneladas de soja devido a uma sequência de veranicos, mas praticamente repete em 2014/15 o recorde da temporada passada, com 9,2 milhões de toneladas (100 mil a menos). Apesar de a expansão da área ter perdido ritmo, o país amplia a safrinha de 550 mil para 700 mil hectares e, com isso, sustenta seu novo patamar de colheita e de exportação, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo, em viagem pelo país.

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Até dezembro, os produtores não tinham certeza da área que plantariam na safrinha e relutavam em repetir os 550 mil hectares. Mas acabaram chegando a 700 mil hectares, que podem garantir 1,5 milhão de toneladas adicionais, conforme dados colhidos em fazendas, empresas privadas e instituições públicas do setor. A grande preocupação neste momento é com o mercado, uma vez que a tonelada da soja caiu de US$ 400 para US$ 300 em um ano.

O aumento no plantio da segunda safra tem relação com os próprios problemas climáticos. Os veranicos de setembro a novembro aceleraram o ciclo das plantas , relata o produtor Altevir José Dotto, de Catueté (departamento de Canindeyú). “A colheita da primeira safra de soja foi antecipada e houve uma janela maior para semear a segunda. Isso foi decisivo.”

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A aposta foi maior mesmo com custo extra. No segundo ciclo, os produtores gastaram cerca de 20% a mais que os US$ 500 por hectare do verão. Sem perspectivas de reação nas cotações, o risco é de baixa lucratividade ou mesmo prejuízo, uma vez que a soja safrinha historicamente não chega a 2 mil quilos por hectare.

Mas as marcas deste início de colheita mostram que há chance de o volume novamente surpreender. “Fechamos a safra de verão com média de 3 mil quilos por hectare. E a safrinha tem condições de chegar perto disso. É quase uma safra normal”, relata Rodolfo Dotto. No verão, sua família plantou 3,5 mil hectares e agora, 900 hectares -- área ligeiramente superior à dedicada ao milho de inverno (800 ha).

Esse novo quadro é que sustenta a produção acima de 9 milhões de toneladas. No verão, a colheita poderia render 8,5 milhões, mas acabou limitada a 8 milhões de toneladas. E a estabilidade num volume o dobro maior que o de uma década atrás estimula a cadeia da oleaginosa, da produção de semente à indústria.

Os irmãos Gustavo e Fernando Sperandio, produtores de sementes na região de Nueva Esperanza (Canindeyú) simplesmente eliminaram o milho nos 425 hectares de lavoura. Com 58% da área irrigada, eles tiveram de adicionar 80 milímetros de água nas áreas secas no verão, mas alcançaram 4,1 mil quilos por hectare. Com médias acima de 3 mil quilos por hectare, podem fornecer 40 mil sacas de sementes ao mercado, que passam a ser disputadas pela inserção de novas tecnologias como a resistência a insetos.

A capacidade de processamento de soja , por sua vez, foi elevada a 4,8 milhões de toneladas, conforme a Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco). “A capacidade de processamento é de 22 mil toneladas [dia] e estamos usando 14 mil [63%]”, afirma o presidente da entidade, José Berea.

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9,2 milhõesde toneladas de soja estão sendo colhidos em dois ciclos no Paraguai -- volume que ainda depende do resultado da safrinha. Com área similar à da oleaginosa, milho de inverno tem potencial para 3,2 milhões de toneladas.

4,5 milhõesde toneladas da oleaginosa devem ser exportados pelos produtores paraguaios , num ano em que a indústria, com capacidade para processar 4,8 milhões de toneladas do grão, trabalha com ociosidade.