O governo do Paraná vai contar com apoio financeiro do setor privado para viabilizar a reforma e reconstrução de 23 postos de fiscalização instalados nas divisas do estado. A ação está sendo articulada pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapar) junto a indústrias e frigoríficos, e faz parte do pacote de adequações que visa garantir o reconhecimento internacional como área livre da peste suína clássica (PSC) junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
As novas barreiras sanitárias terão a função de controlar a entrada de cargas animais no estado e vão ficar concentradas nas fronteiras com São Paulo e Mato Grosso do Sul. Oficialmente, existem 33 pontos de controle espalhados pelo Paraná, mas uma reportagem publicada pela Gazeta do Povo em agosto do ano passado mostrou que 16 dessas unidades estavam inativas. Agora, a meta é reconstruir 18 instalações e reformar outras 5. Para isso o governo confirma investimento de R$ 5 milhões, que deverá contar com recursos privados.
O presidente da Adapar, Inácio Kroetz, aponta que o diálogo entre as indústrias e o estado já começou. “Essa pró-atividade do setor em ajudar é bem-vinda, pois garante uma convergência de interesses entre os setores público e privado”, salienta. Apesar disso, ainda não há uma definição do montante que será repassado pelas empresas. “Discutimos o tema com o governo e nos colocamos a disposição para colaborar, mas ainda não foram definidos os valores e nem como será a execução desse trabalho”, aponta o diretor-executivo da Frimesa, Elias Zydek.
Zydek indica que a parceria tem papel estratégico para a conquista de clientes externos. “Esse trabalho é indispensável se o estado deseja ser exportador de carne suína”, reforça. Sediada em Medianeira (Oeste), a empresa está investindo R$ 450 milhões em um frigorífico com capacidade para abater até 14 mil suínos por dia.
A estratégia paranaense segue um modelo semelhante ao adotado em Santa Catarina. O Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) surgiu em 2006, como resultado de uma parceria entre o setor público e as agroindústrias. A integração viabilizou recursos para o investimento em infraestrutura -- como a reforma de barreiras sanitárias -- e o reforço no quadro de técnicos para a fiscalização. O apoio garantiu benefícios à bovinocultura, com a conquista do status de área livre da febre aftosa sem vacinação. Mais recentemente, a suinocultura também foi favorecida, com o reconhecimento da OIE como área livre da PSC.
“Houve um investimento privado maciço no sistema de defesa e isso ajudou Santa Catarina a consolidar a estrutura atual”, contextualiza Kroetz. Embora o modelo seja semelhante, está descartada a criação de uma instituição formal nesses moldes no Paraná.
Confira onde estão localizadas as barreiras sanitárias que serão reformadas ou reconstruídas nas divisas do Paraná:
Divisa com São Paulo: Campina Grande Sul, Adrianópolis, Sengés, Santana do Itararé, Salto do Itararé, Carlópolis, Ribeirão Claro, Jacarezinho (dois postos), Cambará, Andirá, Itambaracá, Santa Mariana, Sertaneja, Porecatu, Santo Inacio, Itaguajé, Terra Rica e Diamante do Norte. Divisa com Mato Grosso do Sul: São Pedro do Paraná, Querência do Norte, Alto Paraíso e Guaíra.
Ajustes incluem reforço no pessoal e integração de dados
O Paraná corre contra o tempo para fazer todas as adequações necessárias para obter o reconhecimento da OIE como área livre da Peste Suína Clássica (PSC). Além das obras nas barreiras sanitárias, previstas para serem executadas em abril, o estado quer contratar até maio os 169 servidores já concursados para a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar). Além disso, também passa a valer a partir de amanhã (1º) a integração nacional nos dados de trânsito de animais. Atualmente, o frete de animais exige a emissão de uma Guia de Trânsito Animal (GTA), mas cada estado possui um sistema próprio para a gestão desses dados. Conforme explica o presidente da Adapar, Inácio Kroetz, a partir de amanhã todas essas informações serão unificadas em um mesmo sistema, gerido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “A GTA já é eletrônica, mas os sistemas de cada estado não interagiam entre si. Isso representa um grande avanço em termos de controle e rastreabilidade”, detalha.
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