As áreas de pastagens degradadas do Paraná – que somam 2 milhões num total de 5 milhões de hectares de pasto – devem passar a dar lucro nos próximos anos. Diante da baixa eficiência produtiva, as cooperativas, associações e órgãos públicos ligados ao agronegócio estão estimulando a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILP-F). O esforço conjunto promete mudar a paisagem nos campos paranaenses.

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Atualmente, o estado tem média de 0,4 cabeça de gado por hectare, número considerado extremamente baixo para os padrões comerciais – o mínimo para que a propriedade tenha lucro é 1 cabeça por hectare. A promessa dos especialistas é que a técnica revolucione o campo na próxima década.

"Precisamos intervir nesta realidade [solo degradado]. A técnica [ILP-F] mantém o solo coberto o ano todo, o que é uma solução, por exemplo, para os 105 municípios da região do Arenito Caiuá, onde o solo é frágil e o clima é bom", diz o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara.

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Considerado recente, o sistema de integração é adotado em 300 mil hectares de pastagens no estado, segundo o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Essa seria a maior área de ILP-F do país. Minas Gerais, com cerca de 100 mil hectares, ocupa a segunda posição, seguido de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Bahia e Pará.

"Em cinco anos, é possível ultrapassar os 500 mil hectares", garante Ortigara. A ILP-F é mais comum nas regiões Centro-Oeste e Noroeste do Paraná.

O presidente da Cocamar, de Maringá, no Norte do estado, Luiz Lourenço, avalia que a pecuária pouco especializada não gera a renda para se sustentar e defende que ILP-F pode multiplicar em até oito vezes o faturamento do dono da fazenda. "O sistema vai mudar a agricultura brasileira, principalmente para pecuaristas com baixa produtividade. Essa é a principal bandeira da Cocamar para os próximos anos." A cooperativa conta com 40 produtores associados utilizando a técnica.

Desenvolvido há 15 anos pela Embrapa no Paraná, o sistema amplia a renda com o aproveitamento das pastagens degradadas para produção de gado no inverno e de grãos no verão. Uma parte da área também pode ser destinada à plantação de florestas de eucaliptos.

Foi o que fez o agricultor Mauro Maciero na sua fazenda de 270 hectares no município de Santo Inácio (Norte). Antigamente, a área era de algodão, até que o declínio da cultura e a falta de mão de obra obrigaram o proprietário a passar para a pecuária. Maciero chegou a ter 635 cabeças de gado, que foram reduzidas a 330 por conta do solo degradado. Em 2011, resolveu apostar na integração. Destinou 40 hectares para o plantio de soja, que resultaran em 2,6 mil quilos/ha, e 7 hectares para cultivo de eucalipto. Os primeiros resultados já permitiram recuperar o investimento inicial de R$ 20 mil. "Se não fosse a integração, eu seria obrigado a arrendar a terra para a cana-de-açúcar", supõe.

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O jornalista viajou a convite da Cocamar.