A China fica realmente longe do Brasil. São pelo menos 24 horas de viagem de avião para se percorrer perto de 18 mil quilômetros. E os navios de grãos demoram bem mais, cerca de 40 dias a partir dos portos brasileiros, contornando a África, até a costa asiática. Nem por isso a parceria comercial entre os dois países perde força. Pelo contrário, ambos saem ganhando e tentam ampliar essa relação, que se tornou essencial tanto para a economia chinesa quanto para a brasileira.
Guardadas as diferenças culturais a agricultura e os povos primitivos da China têm 7 mil anos e a colonização do Brasil, 5 séculos , existe também muita empatia entre chineses e brasileiros. Contra a impressão de que o Oriente prefere o isolamento, a população asiática gosta de tratar bem seus hóspedes do início ao fim de um dia de visita. Mantém suas tradições e faz questão de esperar o convidado iniciar a refeição ou experimentar a bebida, bem como de pagar a conta, detalhes que demonstram o interesse econômico pelo Ocidente.
Em viagem de dez dias até a China, a Expedição Safra Gazeta do Povo constatou que essa disposição tem permitido o avanço nas exportações de grãos do Brasil, preenchendo o aumento da demanda asiática. O encaixe é notório e permite projeções otimistas sobre as próximas décadas. Como, para Beijing, Brasília representa apenas 2,5% das importações, pode-se apostar na multiplicação dos negócios.
Brasileiros e chineses estão se aproximando. A China anuncia investimentos de mais de US$ 50 bilhões ao ano no exterior e 20% desse valor estão sendo direcionados a projetos que serão desenvolvidos no Brasil. Além de buscar matéria-prima, as empresas asiáticas querem ganhar com o desenvolvimento de outros países emergentes.
Além da soja, o Brasil quer incluir o milho e a carne de frango entre os itens largamente embarcados para a costa chinesa. Embora o país oriental relute em ampliar sua dependência de alimentos estrangeiros, o próprio crescimento da demanda tem levado a essa expansão.
O Brasil ainda tem muito a descobrir na China. Aprender a usar palitinhos à mesa é o início de uma relação capaz de mudar a imagem que temos do Oriente. A economia brasileira pode se dar conta de que o dragão chinês, que representa o poder imperial e a sorte, divide cada vez mais espaço com o tigre, símbolo da prosperidade e dos negócios lucrativos.