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Brasília – O interesse do Brasil na expansão da agricultura nos trópicos pode ser explicado sob dois aspectos. O primeiro componente é humanitário e consiste na transferência de tecnologia das culturas que não são commodities, mas que têm importância social, como feijão e mandioca. São produtos primários, utilizados diretamente na alimentação humana, que podem contribuir no combate à fome e à miséria em países da África, por exemplo.

À medida em que o Brasil exerce um papel solidário, a intenção é estabelecer relações internacionais e credenciar o país como parceiro econômico no desenvolvimento da região. É o negócio agrícola que interessa ao Brasil. Existe uma série de interesses comerciais que vêm na esteira do processo, como um parque máquinas, insumos e tecnologias pronto para atender o crescimento do cultivo nos trópicos. "Todo o setor privado pode ser beneficiado", afirma Silvio Crestana, presidente da Embrapa.

Confiante nesta tese, a estatal de pesquisa brasileira anunciou recentemente a abertura de um escritório em Gana, na África, que deve entrar em operação até o fim do ano. A Embrapa pretende levar ao continente africano tecnologias na área de pastagens, que interessam aos países que precisam produzir leite, carne e proteína animal; sementes tropicais de grãos e cereais; cana-de-açúcar e etanol.

No caso das pastagens, aliás, há uma peculiaridade. Muitos dos capins são materiais originários da África, que foram melhorados no Brasil e agora retornam à terra natal com um diferencial: o ganho tecnológico.

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