A recente desvalorização do real frente ao dólar intensificou a queda dos preços de exportação do açúcar, já deprimidos por uma sequência de safras de superprodução mundial. Com embarques praticamente estagnados e cotações em queda, o alimento vem perdendo participação na balança comercial brasileira nos últimos anos. Estudo da consultoria FCStone revela que o faturamento do setor com as exportações do produto, que chegou a ser mais de 6% do total exportado pelo país, caiu a apenas 3,95% neste ano – a menor participação em sete anos, considerando o preço médio do primeiro quadrimestre de 2015.
Segundo a consultoria, o preço do açúcar passou a ter uma relação muito mais próxima com o câmbio brasileiro a partir de 2012, alcançando mais de 90% de correlação negativa em 2015. “Essa relação é esperada, uma vez que o Brasil representa um quinto da produção mundial e mais de 30% das exportações do produto, enquanto a maior parte dos custos de produção está denominada em real”, explica o estudo.
De acordo com a FCStone, em uma situação de excesso de oferta, o Brasil é visto como o único país que pode alterar a produção significativamente no curto prazo, uma vez que as usinas têm a possibilidade de direcionar suas capacidades produtivas para o etanol. A situação financeira crítica da maior parte do setor, contudo, estaria impedindo que as empresas brasileiras aproveitassem o câmbio mais favorável para aumentar as exportações do alimento.
A consultoria avalia que, apesar da diferença entre produção e consumo de açúcar vir se estreitando, os elevados estoques construídos nas últimas cinco temporadas devem continuar pressionando o mercado internacional, já que os principais concorrentes brasileiros não dão sinais de que devem diminuir sua produção, mesmo com os preços baixos. “Novas desvalorizações no real devem continuar diminuindo a participação do açúcar na balança comercial e, assim, a entrada de divisas no país”, conclui o estudo.
24,1 milhões de toneladasde açúcar foram exportadas pelo Brasil no ano passado. Vendas externas do alimento estão estagnadas há quatro anos, depois de avançar quase continuamente na década passada, quando passaram de 6,5 milhões para 28 milhões de toneladas em 2010. Desde então, produto teria perdido quase metade de seu valor em dólar.
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