Umuarama - A redução na oferta de bovinos para o abate, o que é normal nesta época do ano devido à ausência de pastagens, está empurrando o preço da arroba do boi gordo para cima e, nos próximos dias, a alta deverá refletir na mesa do consumidor. Segundo o Departamento de Economia (Deral), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), o preço da arroba do boi saltou de R$ 71,92 em janeiro passado para R$ 74,97 em junho e chegou a R$ 80,00 na última semana na região Noroeste do Paraná.
Na avaliação do presidente da Sociedade Rural de Umuarama, Wlademir Gomes da Penna Júnior, mais conhecido na região por Juninho Peres que também é um dos diretores do Frigorífico Astra de Cruzeiro do Oeste, onde são abatidas 13 mil cabeças de gado por mês , o preço do boi não deverá evoluir muito. Ele prevê alta de mais dois ou três reais. "Se o preço subir muito, o consumidor pode migrar para outras opções de carne e reduzir o consumo da bovina, o que é ruim para a indústria." Juninho atribui a alta à queda na oferta de boi gordo. Segundo ele, o problema é que o pecuarista segura o gado no pasto à espera de melhores preços. A estratégia nem sempre é vantajosa. Pode reduzir o lucro quando o animal perde peso por falta de pasto.
Diante da queda na oferta de gado, os frigoríficos têm trabalhado com escalas médias de dois dias. "Mas não há o risco de faltar bois para o abate", afirma Juninho. Ele adiantou que agora chega a hora de os frigoríficos do Noroeste buscarem gado para o abate nos Campos Gerais e outras regiões onde os animais são engordados com a aveia plantada após a colheita da soja, no começo do ano. É o chamado "boi de aveia" que entra no mercado até o começo de outubro quando se inicia novo plantio de soja. E nessa época a previsão é que as pastagens do Noroeste, onde está a maior parte do rebanho bovino do Paraná, voltem ao normal. Mas no caso do boi de aveia, a oferta também não deverá ser abundante porque, segundo o Deral, as chuvas do primeiro trimestre do ano atrasaram o plantio da cultura. Em seguida, quando as plantas estavam em desenvolvimento, houve estiagem.
O fator que está animando os pecuaristas é a expectativa de crescimento nas exportações. Dados do Deral mostram uma forte oscilação nos números relacionados aos embarques. Em 2005, ano da crise da aftosa, o estado exportou 38,4 mil toneladas de carne bovina, mas o número despencou nos dois anos seguintes para 10 mil. Em 2008, os números voltaram a crescer para 26,2 mil. E no ano passado houve nova queda, desta vez para 18,1 mil. Entre janeiro e junho de 2010, o Paraná exportou 11,5 mil toneladas e a previsão é de que até o fim do ano, o número supere o de 2009.
Além da previsão positiva em relação às exportações, o setor aos poucos está recuperando o estoque de matrizes. Segundo Juninho Peres, de Umuarama, a redução no estoque ocorreu nos anos de 2006 e 2007 quando houve muito abate de fêmeas. "Mas a produção de bezerros já está voltando ao normal e não deverá faltar animais para engorda nas próximas safras, mesmo se houve aumento no consumo", relata.