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Na cidade que mais produz ponkan no Paraná, Cerro Azul, a fruta é a principal renda da agricultura familiar. Mas, como vendem o produto in natura, os citricultores têm lucro reduzido mesmo nas melhores fases do setor. Poucos conseguiram ampliar suas terras, pomares do tamanho de um ou dois campos de futebol, em décadas de trabalho.

Os últimos dez anos de crise "passaram devagar", conta o produtor Euclides da Silva, de 61 anos. De seus sete filhos, cinco saíram da cidade para trabalhar na construção civil. "O salário de R$ 500 a R$ 600 era mais interessante." Dois filhos permanecem em Cerro Azul, mas atuam no setor madeireiro, que oferece renda o ano inteiro, e não só entre maio e setembro, como as tangerinas.

Depois de subir e descer o pomar que cultiva sozinho em um dos morros mais verticais do município, Silva toma fôlego e reconhece que a situação já foi pior. Há dois anos, não havia nem asfalto para escoar a produção. "Mas o asfalto não resolveu nossa situação. Ainda dependemos da instalação de uma indústria para produzir suco ou doce."

Os próprios produtores estão dando os primeiros passos em busca de proteção contra quedas bruscas nos preços. Eles depositam suas esperanças em organizações como a Associação de Comércio Rural. "Queremos estabelecer um preço mínimo", diz o presidente da entidade, Orias Vaz.

O apoio do poder público é considerado indispensável pelos produtores de ponkan. Na safra do ano passado, o governo federal pagou até R$ 9 pela caixa da fruta. Neste ano, não houve novas compras na região. (JR)

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