"A agricultura familiar é o caminho para garantir a alimentação do planeta. Não trabalha como um grande investimento, que carece de sustentabilidade." A afirmação é do presidente do Fórum Rural Mundial (FRM), Auxtin Ortiz, evento que reúne 700 delegados de 80 países em Dacar nesta semana.
O fórum discute questões como viabilidade socioeconômica e acesso à terra. Considera que a agricultura familiar produz hoje 70% dos alimentos consumidos no planeta, com liderança em produtos in natura como frutas e verduras e participação expressiva no cultivo de commodities como soja, milho, trigo e carnes -- produtos amplamente negociados no mercado global.
Ortiz contrapõe a produção familiar, de pequenos agropecuaristas, e a comercial, de grandes proprietários e empresas. "O caminho é promover e potencializar a agricultura familiar. O grande investimento só estará na agricultura enquanto for rentável e os preços forem bons para garantir uma margem de lucro, senão os grandes investidores deixarão de produzir, por isso este tipo de agricultura não é sustentável do ponto de vista social nem ambiental. Não alimenta o planeta de forma duradoura", explicou.
Ele não acredita que seja possível uma boa convivência entre a agricultura rural e o grande investimento, a não ser que ambos cheguem a uma relação "ganha-ganha". "As relações de poder entre agricultores familiares e grandes investidores são muito díspares" e, em geral, "uma das duas partes fará o que a outra desejar", afirmou.
Como local de encontro, análise e observatório do desenvolvimento rural, o FRM estabeleceu convênios com universidades e outras instituições de ensino e pesquisa, além de associações de agricultores e ONGs. O FRM se define como uma rede que abrange os cinco continentes, formada por pessoas e instituições, tanto públicas como privadas, comprometidas com a busca de um desenvolvimento sustentável e equitativo, principalmente no âmbito rural. O fórum também atua promovendo projetos de cooperação em diversas zonas rurais do planeta.
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