O frio que cobriu as lavouras de gelo ampliou as perdas climáticas, agora estimadas em até 80% nas áreas de milho. Justamente porque os efeitos da geada tendem a se agravar com as novas chuvas previstas para esta semana. Parte das plantações já tinha sido atingida também pela estiagem de maio.
"A seca fez a média cair e agora a geada acabou com parte do que restava da lavoura", lamenta o agricultor Marcelo Riva, que esperava colher 5 mil quilos de milho por hectare e pode registrar menos de 1 mil. "Com a chuva, os grãos podem apodrecer." Ele plantou 140 hectares de milho em Campo Mourão (Centro-Oeste), metade para o consumo humano (milho verde). Os grãos leitosos foram os mais prejudicados pelo gelo.
Por causa de perdas de 50% por conta da geada, o agricultor Amarildo Walker pretende destinar metade dos 84 hectares de milharal diretamente para silagem (alimentação animal). "A área mais adiantada vai render 60% do previsto." Ele não fez seguro e fechou contrato de venda de R$ 23 a saca. "Vamos tentar cumprir o contrato."
Entre os produtores de hortaliças, as perdas chegaram a 100% no Sul e no Oeste. Mesmo em regiões mais quentes houve danos estimados em 15%. "O impacto será visto melhor daqui uns 15 dias", afirma o horticultor Bento Basílio. A alface, mais prejudicada, teve o preço automaticamente dobrado em feiras e supermercados.