Os problemas climáticos ameaçam neste ano mesmo as lavouras de trigo da região dos Campos Ge­­­rais, considerada mais segura que o restante do estado pelo histórico de chuvas regulares e pelo plantio tardio (que reduz os efeitos das geadas de junho e julho). Em Ponta Grossa, a chuva chegou a 211 milímetros em 1.º de agosto. A média regional foi de 150 milímetros, o que significa que já choveu mais que o esperado para agosto inteiro. E ainda há risco de geadas tardias.

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Nas lavouras com sistema de plantio direto consolidado, os efeitos das enxurradas foram reduzidos. A engenheira agrônoma da cooperativa Castrolanda Ândrea Toniolo Kubaski explica que, para o bem dos produtores, as chuvas duraram poucos dias. "Foi como mergulhar uma planta na água e tirar, não houve tanto impacto como aconteceria se a planta ficasse submersa por muito tempo, o que impediria a fotossíntese e prejudicaria o crescimento", explica.

O engenheiro agrônomo da Se­­­­cretaria de Estado da Agri­cultura e do Abastecimento (Seab) José Ro­­­­berto Tosato, que atua na região, afirma que o risco das geadas au­­­menta a partir da segunda quinzena de agosto. Os Campos Gerais devem produzir 430 mil toneladas de trigo nesta safra, perto de 18% da colheita estadual. A região não tem a opção de plantar milho no inverno, substituindo o trigo somente por culturas como aveia e cevada.

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O clima não é a única preocupação no campo, mesmo em regiões mais sujeitas a quebras. "O problema é a comercialização concentrada nas mãos de poucos moinhos", afirma o agricultor Adão de Pauli, de Londrina. "Se o preço empatasse com o custo já estaria bom neste ano." Ele relata que já chegou a plantar 400 hectares, mas nesta safra cultivou apenas 30 ha, o suficiente para desovar sementes guardadas da temporada passada.

Colaborou Cassiano Ribeiro