Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO),o pescado é a proteína animal que vai alimentar o mundo. Atualmente, o setor aquícola movimenta US$ 600 bilhões e US$ 55 bilhões em exportações anuais, tem um mercado duas vezes maior do que o complexo soja, sete vezes maior do que a carne bovina, nove vezes maior do que a carne de frango e 20% maior do que o de calçados.
Apesar da grandiosidade da aquicultura, o Brasil ainda tem muito a caminhar. De acordo com a assessora técnica da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lilian Figueiredo, o setor carece de competitividade, tanto na questão de preço quanto em relação à qualidade do produto na gôndola do mercado. “Precisamos aperfeiçoar toda a cadeia para que o preço e a disponibilidade do pescado brasileiro melhorem. Hoje, infelizmente, temos menos de 1% da produção mundial aquícola, quando podemos crescer em 104% e produzir, de maneira sustentável, 20 milhões de toneladas por ano, segundo a FAO”, observou.
Segundo Lilian, as principais dificuldades do setor aquícola no Brasil são a escassez de pesquisas direcionadas ao setor; dificuldade de acesso ao crédito; licenciamento ambiental; assistência técnica deficiente; falta de tecnologia para a produção; faltam foco e continuidade das políticas públicas e baixa qualificação profissional.
Apesar de tantas barreiras, Lilian também mostrou que existem muitas condições favoráveis para o crescimento brasileiro. “Temos 13% da água doce disponível no planeta, uma área inundada em represas hidrelétricas que soma mais de cinco milhões de hectares e um litoral de 8.500 quilômetros de extensão”, ressaltou. Além disso, o país também conta com um clima extremamente favorável para a produção e alta densidade de espécies e disponibilidade de insumos para alimentação.
Para a assessora, o Brasil precisa investir em marketing da mesma forma como a carne suína fez. “Dez anos atrás a carne de porco era consumida em uma taxa de 9 kg/habitante/ano. Uma campanha de consumo junto com a facilitação dos cortes fez com que o consumo aumentasse para 15 kg/habitante/ano. Hoje o consumidor está focado em cortes mais requintados e fáceis de fazer. O peixe in natura não tem como crescer no mercado”, finalizou.
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