Nos últimos dois anos, um projeto integrado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Emater, Secretaria da Agricultura, produtores e indústrias colocou no mercado paranaense duas opções de milho branco destinados exclusivamente ao consumo humano em forma de fubá, farinha e canjica. Um deles, o IPR 119, surgiu de uma demanda verificada a partir de estudos da cadeia produtiva na região Centro-Sul do estado, afirma Alberto Sérgio do Rego Barros, pesquisador da área de sementes do Iapar. O IPR 119 é "mais adaptado e atende, ao mesmo tempo, a demanda do campo e da indústria", compara.
O milho branco, começa a ser testado no Brasil em aplicações antes exclusivas do grão amarelo, como na produção de amido e na fabricação de salgadinhos. Barros acredita que o cereal vai desempenhar um papel fundamental como alimento humano no Brasil e no mundo.
No ano passado, o Iapar lançou o IPR 127, grão tipo duro, para produtores mais tecnificados e indústrias de porte maior, para a produção de canjica. O instituto também pesquisa variedades de milho amarelo, onde o carro-chefe é o IPR 114.
Embrapa
A manipulação da composição química do milho para reforçar a quantidade de minerais e vitaminas é um dos principais focos das pesquisas. Os cientistas buscam um alimento biofortificado, com altas concentrações de ferro, zinco e pró-vitamina A.
A Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas - MG) já possui cultivares com altas concentrações dessas substâncias, os chamados milhos QPMs, com maior qualidade protéica e aminoácidos.
Segundo Maria Cristina Dias Paes, cientista de alimentos da Embrapa, a biofortificação apresenta como diferencial a agregação de valor ao cereal. "Devemos pensar no potencial da tecnologia e nas possibilidades de agregação de valor à commodity", explica.
Uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho. Tanto as vendidas diretamente ao consumidor, quanto aquelas utilizadas como matéria-prima precisam ser enriquecidas com ferro e ácido fólico. Cada 100 gramas de farinha de trigo e de milho deve conter 4,2 mg de ferro e 150 mcg de ácido fólico. O objetivo é combater a anemia e doenças causadas pela deficiência de ácido fólico.