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Estudantes da Universidade do Arizona trabalham no Centro de Agricultura em Ambiente Controlado. | Austin Smith/Divulgação USDA
Estudantes da Universidade do Arizona trabalham no Centro de Agricultura em Ambiente Controlado.| Foto: Austin Smith/Divulgação USDA

Parecido com o que fez o personagem de Matt Damon no filme “Perdido em Marte”, astronautas podem ter êxito em plantar comida suficiente para alimentá-los em órbita ou mesmo em outro planeta. Pesquisadores na Antártida têm feito o mesmo desde 2014 num lugar onde a temperatura média anual é - 48°C. Um dos cientistas envolvidos nessa história de sucesso em ambiente extremo diz que as comunidades locais também podem se beneficiar a partir da Agricultura em Ambiente Controlado (CEA, na sigla em inglês).

Dr. Gene Giacomelli, professor de engenharia agrícola e de biossistemas na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, lidera o programa de educação e pesquisa – reconhecido e singular internacionalmente – no centro de CEA da instituição. O foco de aplicação de seus estudos está no desenvolvimento de aspectos ligados ao design, monitoramento, gerenciamento e otimização da produção agrícola.

Giacomelli e outros pesquisadores do centro têm recebido suporte do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, para estudar sistemas de cultivos sustentáveis em ambiente fechado.

“Nós reconhecemos o momento histórico que a CEA promove para os ‘não-agricultores’, aqueles que não possuem terras e podem se tornar importantes produtores de alimentos, como nunca antes”, afirma. “É o equivalente à Renascença para a agricultura.”

De acordo com Giacomelli, essa Renascença começou em 2006, com o aumento na utilização de “estufas em túneis” de baixo custo, sem interferência ambiental, o que aumenta o período de safra e a produção, com cultivos de alta qualidade. “O mercado trouxe a demanda, o que criou novas oportunidades ou renovou antigos negócios agrícolas”, salienta.

Além de produzir alimentos, as estufas podem incorporar alta tecnologia e têm potencial para se transformarem numa espécie de “imã-social” para comunidades, por meio da união das pessoas para plantar e colher. As mais avançadas abrem espaço para trabalhos fixos, que requerem conhecimento prático em biologia e engenharia.

Giacomelli pontua que as estruturas podem se tornar centros de comércio para comunidades rurais ou que sucumbiram a tempos de adversidades econômicas. “A produção em estufa pode ser tão diversa quanto a comunidade deseja, estendendo-se para além dos alimentos – que incluem peixes ou culturas hidropônicas – ou outros produtos comerciais, como flores, e chegando a plantas medicinais, oleaginosas, culturas para alimentação animal ou de uso farmacêutico.”

Desenvolver um ambiente que pode suportar o cultivo no espaço ou na Antártida pode estar fora do alcance da maioria das pessoas, mas não é preciso avançar além da própria cerca, isto é, é possível criar estufas sustentáveis ou sistemas hidropônicos mesmo no quintal de casa. Giacomelli diz que a chave é a educação – ele recomenta aulas e workshops, e trabalhar com profissionais e entidades especializadas, para ganhar experiência com a mão na massa (ou na terra).

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