Mais de 100 municípios do semiárido estão há pelo menos dois meses com déficit hídrico e tiveram o risco agroclimático classificado como alto e muito alto.
Isso significa que o solo perdeu mais umidade para a atmosfera do que recebeu água em um período de 60 dias, segundo análise do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Os dados estão no Relatório da Situação Atual de Seca no Semiárido Brasileiro e Impactos, divulgado nessa segunda-feira (17).
Em setembro, 159 municípios tiveram pelo menos 50% de suas áreas afetadas pela seca, prejudicando quase 300 mil propriedades rurais. Como a estação chuvosa na região terminou em julho, o impacto da falta de chuvas nas plantações era esperado.
“As áreas impactadas pela seca somam cerca de cinco milhões de hectares”, afirma a coordenadora de Relações Institucionais do Cemaden, Regina Alvalá. Ela lembra que, em algumas regiões, o calendário de plantio se estendeu até o mês passado. “Como o ciclo produtivo das lavouras está em curso, esse déficit hídrico causa impacto na área agrícola.”
Segundo o relatório do Cemaden, a seca é intensa principalmente nos municípios do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe localizados na parte leste do semiárido. Na Zona da Mata e no Agreste, as chuvas foram ainda mais escassas, o que corresponde a valores inferiores à média histórica. A exceção é o Recôncavo Baiano.
O relatório ressalta que o fenômeno La Niña deve perder força entre outubro e dezembro, diminuindo as chuvas na Zona da Mata, ao norte de Salvador (BA). “Isso significa que há poucas chances de reversão do quadro hídrico para os municípios impactados pela seca”, destacou Marcelo Seluchi.
Segundo o meteorologista, as previsões indicam que a ocorrência de chuvas, ainda que escassas, na Zona da Mata da Bahia e de Sergipe no mês de outubro.
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