O objetivo era diluir o risco climático em duas safras. Mas a aposta arriscada mostrou-se equivocada e acabou aumentou os prejuízos com a seca no Paraná. Pensando na safrinha de milho, produtores anteciparam o plantio de variedades de ciclo precoce e superprecoce em alguns casos, antes do período recomendado.
Não por acaso, são justamente as regiões de milho safrinha que estão registrando as maiores quebras no estado. "Não podemos controlar o clima. Houve seca e haverá prejuízos. Mas eles poderiam ter sido muito menores se o pessoal não tivesse plantado tanta soja precoce tão cedo assim", afirma Geraldo Fróes, produtor de grãos e sementeiro de Londrina (Norte).
"Até uns anos atrás, plantava-se soja no dia 15 de novembro. Hoje, tem muito produtor que inicia o plantio em setembro. E com variedades de ciclo cada vez mais reduzido. Em ano de clima bom, pode dar muito certo. Mas, em anos como este, é extremamente perigoso", observa Luiz Carlos Miranda, gerente da Embrapa Soja.
O desafio é encontrar o equilíbrio entre as vantagens e os riscos do uso de cultivares precoces, considera o chefe de Pesquisas da empresa, José Renato Bouças Farias "Não há nada de errado em plantar soja de ciclo curto. Mas é preciso escalonar variedades e épocas de plantio" recomenda o pesquisador.
"Estava tudo certo até novembro. A lavoura cresceu, florou e se estruturou bem. Mas a estiagem de dezembro fez as plantas abortarem muita vagem. Nas lavouras do cedo, tem uma média de 15 vagens por pé, quando o normal seria entre 35 e 40", relata Emerson Penachiotti, de Floresta (Noroeste).
Ele prepara as máquinas para iniciar, na próxima semana, a colheita das áreas precoces, semeadas em 30 de setembro. Essas áreas, estima o produtor, devem render no máximo 41 sacas (2,5 mil quilos) por hectare, 40% abaixo do esperado.
Mas Penachiotti seguiu a recomendação da Embrapa: escalonou ciclos e épocas de plantio e, desta forma, espera diluir os prejuízos ao longo da temporada. "Espero fechar com média de 58 sacas (3,5 mil quilos) por hectare."