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O Paraná deu a largada à supersafra brasileira de soja e milho de verão com a semeadura do cereal em municípios do Sudoeste, mesmo sem chuva suficiente para o desenvolvimento das plantas. A estiagem que atinge as principais regiões agrícolas chega a 60 dias em algumas localidades e impede que a tarefa ganhe ritmo. Entre os produtores, há muita expectativa em torno do El Niño. Segundo os meteorologistas, as tão esperadas chuvas devem ocorrer com volume satisfatório a partir desta semana.

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Em regiões como a de Umuarama, técnicos da Secre­­­taria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) relatam que a última chuva satisfatória ocorreu há mais de 80 dias. E ainda que historicamente o mês de agosto consolide baixos índices de pluviosidade, os níveis de 2012 estão abaixo do normal, explica a meteorologista Ana Beatriz Porto, do Simepar.

"Em agosto, costuma chover pouco, mas os níveis atuais estão entre os mais baixos dos últimos dez anos", avalia. Ela prevê uma mudança no cenário a partir do dia 20 e 21, mas de forma gradual. "A presença de uma massa de ar quente e seco sobre o estado dificultou o avanço das frentes frias até agora", aponta.

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Para Luiz Renato Lazinski, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a situação está prestes a mudar. "Por volta do dia 20, a chegada de uma frente fria mais abrangente deve resultar em uma chuva generalizada, capaz de amenizar a situação no campo". Ele acrescenta que o índice de pluviosidade deve ficar situado entre 20 e 30 milímetros e a mudança deve abrir espaço para a ocorrência de outras pancadas.

O inicio do plantio, contudo, requer mais água, explica o agrometeorologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Willian Ricce. "Na região de Londrina, há uma deficiência hídrica de 70 milímetros. Seria necessária uma chuva de 60 milímetros para regularizar o solo e dar condições de plantio", afirma. A semeadura, por enquanto, não é recomendada pelo especialista. "Plantar nesse ‘pó’ é um grande risco, pois a germinação da semente pode falhar".

A recomendação do agro­­­­meteorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar Meteorologia, é que o produtor contenha a ansiedade, realizando o plantio após a ocorrência de chuvas mais intensas. "O plantio do milho está atrasado, mas quem já plantou pode ter perdido tudo", diz. Para ele, o contexto deve ficar favorável após o dia 22.

Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, cogita o risco de o plantio engrenar somente na segunda quinzena de outubro, pelo menos duas semanas mais tarde do que boa parte dos produtores havia programado. No Rio Grande do Sul, onde as chuvas têm sido mais generosas, os produtores podem plantar mais tarde, conforme o zoneamento agroclimático.

O quadro de expectativa entre os produtores está relacionado à cotação recorde da soja, que atinge máxima de R$ 84 em Ponta Grossa – região agrícola que tem historicamente uma das cotaçoes mais elevadas do Brasil. A intenção é cultivar soja onde for possível. As estimativas públicas e privadas divulgadas até agora apontam para uma safra acima de 81 milhões de toneladas. Se não fosse a estiagem, um terço do plantio seria realizado ainda em setembro no Paraná.

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Lavouras recém-plantadas precisam de umidade com urgência

Apesar do volume de chuvas ainda não ter sido intenso no estado, os agricultores que deram início ao plantio mostram-se otimistas. É o caso de Oradi Caldato, de Pato Branco, que plantou 100 hectares de milho na semana passada. Ele conta que a cobertura de aveia realizada no solo assegurou a umidade necessária para a semeadura e, com a precipitação de 12 milímetros registrada há uma semana, a germinação ocorreu sem problemas. "Não há qualquer risco, até porque deve chover nessa semana. Mesmo assim, há um atraso de 20 dias", relata.

Segundo Caldato, na região o cultivo do milho costuma ser antecipado para o final de agosto, com o intuito de favorecer a colheita e criar condições para o feijão safrinha, plantado em meados de fevereiro. Em Bom Sucesso do Sul, na mesma região, os agricultores plantam também safrinha de soja.

Há casos de produtores que já sofreram prejuízos pela falta de água para o milho. "Existem lavouras que estão entre 20 e 30% comprometidas, com ataque de pragas e problemas na germinação", pontua Caldato.

Seguindo a direção contrária, o produtor Jurandir Antonio Lamb, da região de Cascavel, ainda aguarda a chuva para iniciar as atividades. "Em alguns lugares a plantadeira sequer consegue fazer os sulcos, de tão seca que está a terra", relata. Segundo ele, as atividades até o momento têm se limitado à realização de tratamentos culturais, como a aplicação de insumos.

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