A planta é milenar, mas o cultivo ainda é pouco disseminado no Brasil. O plantio de oliveiras dá os primeiros passos no Sul e no Sudeste e engatinha no Paraná. Mas os especialistas garantem: o clima ameno aliado à terra fértil pode tornar o estado um dos grandes produtores de azeite de oliva, ao lado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.
A olivicultura comercial chegou ao Brasil no século 19. Em 2008, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) começou a engarrafar óleo. Essa foi, segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador do órgão Luiz Fernando de Oliveira, a primeira extração genuinamente brasileira.
No Paraná, três unidades de observação já foram implantadas em Salto do Lontra (Sudoeste), Ribeirão Claro (Norte Pioneiro) e Colombo (região de Curitiba), conta o agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Enilton Coutinho. “Os plantios são recentes, com poucas covas, mas os resultados já se mostram promissores”, avalia.
A Embrapa faz um trabalho de zoneamento agroclimático desde 2006, para coordenar quais são as melhores espécies a serem cultivadas nas áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e, agora, no Paraná.
“Olivas gostam de clima frio e solo fértil e isso o Paraná tem de sobra”, afirma Coutinho. “Basta estudar e investir”, confirma Oliveira.
O comerciante Arley José Luize, 59 anos, resolveu investir na olivicultura em 24 hectares localizados em Mandaguaçu, na região de Maringá. Depois de pesquisar, ele trabalhou a terra e há três anos vem assentando mudas. Até agora, são 5 mil oliveiras. Ele relata que falta orientação técnica no estado e que a aposta exige determinação.
O consumo de azeite ganha escala no Brasil. De acordo com dados do Conselho Oleícola Internacional, o país importa cerca de 70 mil toneladas do alimento anualmente. O brasileiro consome duas vezes e meia o volume de cinco anos atrás, de acordo com a Embrapa Clima Temperado. O aumento supera a expansão na demanda mundial, que teria sido de 4% no período.
“Ainda importamos 100% do consumo. Seriam necessários, pelo menos, 50 mil hectares para atender a demanda do nosso país”, calcula o pesquisador Coutinho. O Sul e o Sudeste têm cerca de 1.500 hectares plantados, estima.
A rentabilidade da atividade, de acordo Oliveira, após o quarto ano do plantio, pode chegar a R$ 20 por hectare. O investimento também é considerável – em torno de R$ 4 mil/ha. O cultivo exige conhecimento da adubação ao processamento das azeitonas, que deve ser feito logo após a colheita.