Os agricultores da Região Sudoeste deram a largada no plantio da safra 2008/09 no Paraná. Fa vorecidos pelas boas condições climáticas para o cultivo, são eles que dão início às operações de máquinas do ciclo de verão. As primeiras áreas foram semeadas há quase um mês. Mesmo com as geadas de uma semana atrás, que não chegaram a causar perdas, a ordem no campo é intensificar o plantio, para antecipar o período de cultivo da safrinha.

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Nos últimos anos, os agricultores que adotam alta tecnologia descobriram que é possível obter uma boa rentabilidade com o plantio de sementes precoces de feijão e soja após a colheita do milho. Com a ajuda de equipamentos, colheitadeiras modernas e do clima, grande parte do milho é colhido entre os meses de janeiro e fevereiro, dando lugar à segunda safra.

Conscientes dos riscos e da menor produtividade, os agricultores começam o plantio de olho no preço da saca do feijão, que será plantado depois do milho. Na última safra, por exemplo, alguns chegaram a receber R$ 220 por saca de feijão de cor, que abastece o comércio carioca e paulista. Um aumento de mais de 80% do preço médio, que resultou em aquisições de máquinas, implementos e veículos, aquecendo a economia regional. O plantio de feijão safrinha saltou de 17,6 mil hectares na safra 2006/07 para 38 mil hectares na safra 2007/08 no Sudoeste. Ainda não há previsão para a safrinha 2008/09.

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Segundo estimativa dos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), já foram plantadas 40% das lavouras pretendidas para o milho na região de Francisco Beltrão e Pato Branco. A outra metade deve ser completada até o fim de setembro nos municípios próximos a Palmas, que por conta do frio mais intenso são obrigados a retardar o plantio.

Área

Embora as condições climáticas tenham favorecido o início da safra de verão 2008/09, a maioria dos agricultores optou por seguir a tendência no estado, e reduziu área de cultivo do cereal. Desestimulados pelo salto no custo de produção por conta dos fertilizantes e a cotação em baixa, os agricultores devem cortar em 6% a área de plantio na região Sudoeste. Alguns técnicos e agrônomos acreditam que a queda seja ainda maior, podendo chegar a 10%.

"Ainda é um pouco cedo para saber com precisão de quanto será essa diminuição, mas, pelo que temos conversado com o pessoal, vai ficar entre 6 e 10%", acredita o agronômo de uma revenda de insumos em Pato Branco, José Franco.

Se os números previstos se confirmarem, a área de milho no Sudoeste ficará em torno de 207 mil hectares, 13 mil hectares a menos que na safra 2007/08. Isso poderá representar uma redução de até 200 mil toneladas de milho. Ainda devem ser cultivados cerca de 18 mil hectares de milho para silagem.

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No campo

A falta de otimismo com o cereal é confirmada pelo agricultor em Renascença Valdecir Tomassoni. Ele preferiu investir só na soja. "Tenho percebido nos últimos anos que o milho não tem repassado o mesmo retorno que a soja, que tem melhor perspectiva de preço no mercado", avalia Tomassoni.

Já o produtor em Bom Sucesso do Sul Vilson Munaretto vai cultivar praticamente a mesma área da safra passada, em torno de 440 hectares. "Sem dúvida que o custo do milho assusta um pouco, e chega a ficar o dobro do investido na soja, mas mantemos uma divisão de área todos os anos para fazer a rotação de cultura", ressalta Munaretto, que encerrou o plantio no último dia 10 e vai investir em soja na safrinha.

A recomendação é reforçada pelo técnico responsável pelo escritório do Deral em Pato Branco, Ivano Carniel. "O ideal é que os agricultores façam a rotação de cultura em 30%. Assim, em três anos há condições de fechar toda a extensão", enfatiza. Ele também ressalta que a área de soja deve receber um incremento na região de 23 mil hectares, que só não é maior por não haver mais espaço para expansão do cultivo.