Cascavel e Ponta Grossa - A grande aposta na soja no ciclo 2009/10 pode devolver competitividade ao milho. O raciocínio é simples: como todo mundo está apostando na oleaginosa, a rentabilidade tende a cair e o cereal pode não ser uma opção tão ruim assim. Afinal, até mesmo nos Campos Ge­­rais, uma das regiões mais produtivas e competitivas do Paraná, os agricultores embarcaram na tendência de redução da área da oleaginosa e ampliação na do cereal.

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Em Ponta Grossa, Fabiano Bitencourt ampliou em 23% a extensão destinada à soja, que vai ocupar 193 hectares, e cortou pela metade a área de milho, para 36 hectares. Na tentativa de concluir a tarefa dentro dos prazos técnicos, planta mesmo com o solo úmido e previsões de chuva. Replantio e reforço na adubação parcialmente levada pelas águas elevam custos, o que é mais grave no caso do cereal, cujo preço atual não cobre os custos para quem colhe abaixo de 8 mil quilos por hectare na região.

O alto custo de produção em um cenário de preços deprimidos tam­­bém empurrou Roberto Hasse para a oleaginosa neste ano. No ciclo passado, dividiu seus pouco mais de 400 hectares entre soja e milho seguindo o sistema de rotação de culturas. Nesta safra, vai diminuir em 76% o plantio do cereal e ampliar em 43% a área da oleaginosa na sua propriedade em Pato Branco (Sudoeste). "Além de ter custos mais altos que a soja, o mi­­lho não tem mercado. Lá em cima [no Centro-Oeste do país] a saca está valendo só R$ 8 e nem assim tem quem compre", justifica.

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Quem não dispensa rotação sente-se engessado. É o caso de Juliano Teixeira. Mesmo desestimulado com a falta de liquidez do cereal, ele vai destinar ao milho 30% dos seus 720 hectares em Foz do Jordão (Sudoeste). "Agricultor não pode desanimar. Estou plantando em uma situação difícil, mas posso colher em um mercado mais favorável caso tenha algum problema com a safrinha do ano que vem", diz.

Com o aumento da área de soja e a possibilidade de um mercado mais atraente para o milho na época da colheita, há também aqueles produtores que nadam contra a maré. Vislumbrando oportunidades na hora da comercialização, Claudinei Fieira decidiu tentar a sorte: ampliou em 40% o plantio do cereal. "Eu ia diminuir a área de milho, mas em conversas com os meus vizinhos percebi que todo mundo estava reduzindo o plantio. Então, resolvi aumentar", explica. O cereal, que deveria ter apenas 36 hectares neste ano, ganhou outros 65 e ocupará pouco mais de 100 dos 344 hectares que Fieira cultiva em Cascavel, (Oeste). "Vai sobrar soja no ano que vem", prevê.

A oferta de soja tende a aumentar não só por causa do incremento de área, mas também devido ao clima, mais favorável que o do ciclo passado. Esse quadro fica claro na região de Sertanópolis (Norte), que, pelo clima quente, não tem vocação para o milho de verão. Alberto Serafim vai dedicar os mesmos 125 hectares do ano passado à oleaginosa, mas prevê aumento de 20% na produção.