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Ponkan reanima o Vale do Ribeira

Depois de uma década de crise, os produtores de tangerina do Vale do Ribeira recuperaram ânimo para cuidar dos pomares. Eles começam a substituir árvores que atravessaram o período de preços baixos e doenças como a pinta-preta. A colheita, que passava de 300 mil toneladas, caiu a 210 mil toneladas na última safra, mas dá os primeiros sinais de recuperação.

A área de cultivo praticamente se manteve, cobrindo boa parte das montanhas às margens do Ribeirinha, principal região produtora da fruta no estado. Os pomares tinham 12,9 mil hectares até 2000 e hoje ainda somam 11,6 mil hectares, com predominância da tangerina ponkan.

A recuperação das árvores antigas pode elevar a colheita em até um terço em 2008 e o plantio promete surtir efeito em quatro anos. As avaliações partem dos próprios produtores, que esperam deixar para trás um período em que mal conseguiam pagar a mão-de-obra.

Os preços caíram a R$ 1,50 a caixa de 20 quilos no ano passado. Neste ano, a cotação mais praticada foi R$ 3, pela escassez do produto, que também teve produção reduzida em outras regiões do país.

O produtor Sílvio Martins dos Santos, de Dr. Ulysses (a 140 quilômetros de Curitiba), havia abandonado o pomar. Neste ano, nem se deu ao trabalho de colher e negociar preços. Vendeu as ponkans de 1,2 hectare nos pés, por R$ 600. Mas chegou à conclusão que poderia ter lucrado o dobro. "Vou plantar mais 500 pés e substituir 500 que estão com 12 anos", afirma.

Daniel Ribeiro, agricultor do mesmo município, decidiu entrar no ramo da ponkan. Vai plantar mil pés e, até as árvores crescerem, produzir milho na mesma área. Sua expectativa é que a renda da fruta seja duas vezes maior que a do cereal. "O investimento é baixo, vale a pena tentar."

Durante a crise, o produtor José Machado, de Cerro Azul (a 80 quilômetros de Curitiba), cortou mil pés de laranja e tangerina. Sobraram 500 pés de cada fruta, que voltaram a garantir seu sustento neste ano e mudaram sua avaliação do negócio. "Vou plantar mais 500 pés de ponkan."

"O problema é que os produtores de tangerinas negociam individualmente com os atravessadores e, com isso, ficam sem poder de pressão", avalia o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Segundo a Emater, duas cooperativas estão se estruturando no Vale do Ribeira.

Marcos Roberto Santos, técnico da Emater, afirma que a diversificação é outra forma de deixar o setor menos vulnerável. A idéia é fazer com que os fruticultores tenham renda de novembro a dezembro com o pêssego, de dezembro a janeiro com a uva e de janeiro a fevereiro com o caqui. "Dos 2,5 mil produtores de tangerinas de Cerro Azul, 80 já aderiram a esse projeto", relata.

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