A última safra brasileira de grãos, que atingiu históricas 238 milhões de toneladas, foi um fator decisivo, mas não explica sozinha o fato de o Porto de Paranaguá ter superado nesta semana a marca de 50 milhões de toneladas de cargas movimentadas em um único ano.
Para entender os milhões que formam o quadro maior, é preciso olhar para baixo da lâmina d’água e descer a detalhes em que alguns centímetros fazem diferença.
Em 2011, era comum que navios que chegassem a Paranaguá não pudessem sair com carga completa, por causa do assoreamento do canal de acesso ao porto e na bacia de evolução. Era preciso esperar a maré subir para zarpar.
“Para cada centímetro de água que o navio abaixa, você consegue carregar mais oito contêineres de 30 mil kg. Por isso a dragagem é tão importante. Quando chegamos, o canal tinha profundidade de 11,3 metros na bacia de evolução dos navios e hoje já estamos com 14 metros. Isso faz toda a diferença”, diz Lourenço Fregonese, diretor comercial do porto.
A dragagem determina o tamanho de navios que o porto pode receber. Antes limitado a embarcações de até 250 metros, atualmente Paranaguá já recebe navios contêineres de 323 metros de comprimento. Em setembro do ano que vem, quando terminar a dragagem de aprofundamento que está em curso, o porto poderá receber os navios graneleiros gigantes Post Panamax, de 368 metros de comprimento e 51 de largura. Esses navios têm capacidade para transportar até 110 mil toneladas de grãos, enquanto a média atual é de 60 a 70 mil toneladas.
“O nosso maior ativo é o canal de acesso ao porto e a bacia de evolução dos navios. As dragagens têm de ser permanentes, porque você ganha na redução dos custos operacionais. Além das dragagens de manutenção, estamos fazendo hoje a primeira dragagem de aprofundamento em 20 anos”, acrescenta Fregonese.
Os custos para manter o porto dragado se contam às centenas de milhões. Em seis anos, a administração do porto fez quatro campanhas de dragagem de manutenção, com investimentos de R$ 442 milhões. A dragagem de aprofundamento irá consumir outros R$ 394 milhões de verbas do Ministério dos Transportes. Tanto dinheiro para movimentar areia de um lado para outro levou o ex-governador Roberto Requião a fazer uma licitação internacional para comprar uma draga própria em 2009, alegando economia e vantagem no custo-benefício. Mas o projeto naufragou em um imbróglio judicial e a concorrência foi anulada pelo sucessor, Orlando Pessuti.
Os gastos com dragagem consumiram praticamente metade dos R$ 868 milhões de investimentos do porto de 2011 a 2017. No período, houve também reforço na estrutura do cais, colocação de defensas para proteger os cascos dos navios, sinalização náutica, compra de tombadores, descarregadores e balanças, entre outros itens. Outro impulso à capacidade operacional foi a troca de quatro dois seis shiploaders (que lançam os grãos nos navios). Os equipamentos da década de 1980 conseguiam despejar cerca de mil toneladas de grãos por hora, capacidade que foi dobrada com os novos guindastes.
Nesta quarta-feira, o ministro Blairo Maggi esteve em Paranaguá para acompanhar in loco a quebra da marca de 50 milhões de toneladas movimentadas por Paranaguá. “Estamos trabalhando no Governo Federal para que as regras dos licenciamentos sejam claras e as decisões rápidas. Não podemos ser aquele que atrapalha o avanço da infraestrutura”, disse Maggi.
Durante a visita, João Arthur Mohr, do conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), pediu apoio do ministro para a construção de uma nova ferrovia, de Dourados, no Mato Grosso do Sul, até Paranaguá. “O governo está pronto a conceder para a iniciativa privada. Só não tem dinheiro para construir”, respondeu Maggi.
De tudo o que Paranaguá movimenta, 70% está no agronegócio – grãos, madeira, carnes, açúcar e álcool, entre outros. “Devemos fechar o ano com 51,6 milhões de toneladas movimentadas. Estamos ligados umbilicalmente ao agronegócio, é o que a gente faz, é o que a gente sabe fazer bem”, resume o diretor-presidente do porto, Luiz Henrique Dividino. “Os números falam por si. Os nossos clientes estão satisfeitos. E até aqueles que tinham ido embora estão voltando”, assegura.
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