A possibilidade de trabalhar em meio a grãos de soja e milho ou envolta com operações portuárias não constavam nos planos da advogada Ana Paula Barbieri ao longo dos cinco anos de graduação. Tanto que ao receber o canudo, a formanda optou por complementar os estudos com uma pós-graduação na mesma área, enquanto trabalhava em um escritório de direito empresarial.
A virada na carreira ocorreu após o MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2011. Hoje, Ana Paula trabalha no departamento jurídico do grupo SIPAL, formado por empresas dos setores sucroalcooleiro, portuário, transporte e serviços de armazenagem, compra e venda de grãos, com foco no Mato Grosso e Paraná.
“É diferente lidar com o público de escritório e com o universo agro. O curso alavancou essa mudança e me deu segurança. Colegas que entram na empresa sem uma base demoram mais para se ambientar”, afirma Ana Paula..Assim como a advogada, milhares de profissionais das mais variadas formações estão apostando nos cursos de especialização voltados ao agronegócio como porta de entrada para o setor.
Diante das necessidades e anseios das empresas e cooperativas em busca de profissionais preparados, houve um boom na oferta de cursos. De acordo com dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC), as pós-graduações (mestrado, doutorado e mestrado profissional) voltadas para as ciências agrárias cresceram 220% nos últimos dez anos – de 197 em 2003 para 631 no ano passado. Apesar do Ministério não ter um levantamento do número de programas específicos ao agronegócio, professores das universidades afirmam que o crescimento é semelhante.
“A oferta aumenta ano a ano. O mercado busca mão de obra preparada para pensar, desenvolver projetos, interagir com outras áreas e entender e solucionar os problemas e isso exige cursos bem específicos”, aponta Tomas Sparano Martins, coordenador do mestrado em Gestão de Cooperativas, oferecido pela Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O MBA em Gestão do Agronegócio, da Federal, considerado o curso mais antigo na área no Paraná, é uma prova da demanda por conhecimento no setor. Criado em 2000, o programa conta com alunos de várias regiões do Brasil e até mesmo do exterior. “O agronegócio é bastante competitivo. Isso exige profissionalismo e pessoas competentes”, afirma Vânia Di Addario, professora da UFPR e uma das fundadoras do MBA.
Teoria se transforma em oportunidade
A lista de profissionais que tiveram a carreira modificada após frequentar um dos milhares de cursos de extensão na área do agronegócio é longa. O MBA em Agronegócio da Esalq/USP, finalizado em 2010, foi o trampolim para que o bacharel em Relações Internacionais Marco Boom mudasse do posto de empregado para empregador.
Ele deixou o cargo de assessor de Novos Negócios na Cooperativa Agropecuária Castrolanda, em Castro, nos Campos Gerais, para abrir sua própria empresa, a 3omm Agronegócio. Apesar de recente ainda no mercado, os resultados são surpreendentes.
“Busquei aplicar a teoria e viabilizar diversos negócios. Sai da cooperativa para trilhar o meu próprio caminho. Em 2012 abri uma trading agrícola com um sócio. O primeiro ano foi muito bom. Ano passado foi ainda mais surpreendente com crescimento de 1070%”, comemora o agora empresário. “Este ano estamos financiando a construção de um armazém para ampliar a originação de grãos”, acrescenta.
Para a professora do MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Vânia Di Addario, os cursos abrem um novo cenário. Inclusive em função da importância do agronegócio, setor responsável por 34% dos empregos do país e um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.“Conhecimento é algo que não toma espaço e não faz mal. Os alunos terão um outro olhar, muito mais amplo, com oportunidade de novas colocações no mercado e melhores remuneração”, aponta Vânia.
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