As cooperativas agropecuárias paranaenses perderam em 2005, pela primeira vez na história, a liderança nas exportações entre as cooperativas brasileiras. No ano passado, São Paulo superou o Paraná, tanto em volume exportado quanto em receita. Atingiu 3,14 milhões de toneladas e um faturamento de US$ 761,6 milhões, com crescimento de 45,8% e 84,5%, respectivamente, sobre os números alcançados em 2004.

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O Paraná registrou queda em 2005, nos dois parâmetros. O volume exportado caiu 46,1%, para 1,97 milhão de toneldas. A retração na receita foi um pouco menor: 31,2%, para US$ 682,8 milhões. Entre os dez principais estados exportadores, apenas Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul registraram no ano passado quedas maiores nas exportações (veja tabela nesta página).

A resposta para a inédita inversão de posições entre Paraná e São Paulo no ranking está na pauta de exportações de cada estado. Enquanto o carro-chefe paranaense é o complexo soja – cultura que registrou quebra de safra pela seca e baixos preços internacionais no ano passado –, São Paulo concentra as lavouras com cenário mais favorável no momento: cana-de-açúcar, café e laranja.

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"Os preços internacionais da soja tiveram forte queda em dólar. Saíram de uma média de US$ 22 a saca de 60 quilos em 2004 para pouco mais de US$ 14 no ano passado", compara Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Os preços do açúcar, principal produto exportado pelas cooperativas paulistas, ao contrário, atingiram o melhor patamar em dólar dos últimos 25 anos.

Não é coincidência o fato de que os dois estados que registraram as quedas mais expressivas que o Paraná – Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul – também têm a soja como principal produto exportado. No total, a receita das cooperativas brasileiras com exportações cresceram 12,5% em 2005. Depois dos derivados de cana, os maiores embarques foram do complexo soja (27,6%) e da carne de frango (13,4%).

Os estados produtores de soja também seguiram na contramão das exportações do agronegócio brasileiro, que registraram crescimento de 11,8% em 2005, atingindo US$ 43,6 bilhões. Nas cooperativas paranaenses, a leguminosa representa mais de metade do total exportado.

O perfil paranaense deverá dificultar a retomada da liderança nacional. Segundo Turra, neste ano a diferença para São Paulo vai cair, mas o estado continuará em segundo lugar. O preço da soja atualmente patina nos US$ 12,5 a saca e poderá cair ainda mais, por causa dos estoques internacionais recordes do produto.

Na avaliação do consultor Rui Rocha, diretor da empresa Partner Consulting do Brasil, as cooperativas paranaenses precisam diversificar suas atividades, voltar-se para produtos de maior valor agregado e investir na qualificação de seus funcionários, principalmente os que atuam no comércio exterior. "Muitos nem falam inglês", exemplifica Rocha, cuja empresa já elaborou projetos de reestruturação para cinco cooperativas do Paraná.

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Nos dois primeiros meses deste ano, o setor ensaiou uma reação, com um aumento de 8,3% sobre igual período de 2005. Em janeiro e fevereiro, o Paraná exportou um volume maior que São Paulo – 350 mil contra 300 mil toneladas –, mas a receita ainda favorece o estado vizinho: US$ 95 milhões contra US$ 103 milhões.