Se na safra de verão a área de milho caiu por causa do preço, pelo mesmo motivo a de safrinha deve ser uma das maiores desde o início da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): a safra 1979/80. No Brasil, a área de 4 milhões de hectares é recorde. No Paraná, o 1,28 milhão (ha) apontado pelo Rumos da Safra só não é maior que a área da safra 2002/03, quando foi plantado 1,35 milhão (ha).
Marcos Bruschi, de Maringá (Noroeste), foi um dos produtores que resolveu apostar no milho. Ele ampliou a área destinada ao safrinha de 100 (ha) para 500 (ha). A decisão do agricultor passa por questões de preço a saca de 60 quilos, que na média de 2006 foi negociado a R$ 10, este ano atingiu picos de R$ 18 e falta de opção no inverno. "O trigo não tem preço e ainda enfrenta problemas de clima. O milho não é muito diferente, mas tem mais liquidez neste momento."
A Cocamar, que atua na região de Maringá, calcula que sua área de milho safrinha cresceu 17%, para 150 mil (ha). Antônio Sacoman, coordenador técnico da cooperativa, lembra que "faltou semente de milho, principalmente a de alta tecnologia".
Na Coamo, de Campo Mourão (Noroeste), não foi diferente. Os cooperados cultivaram 330 mil hectares com milho safrinha, um acréscimo de 23% em relação ao ano anterior. A área da 2.ª safra da Coamo já é maior que a do milho de verão, de 223 mil (ha). A cooperativa responde por 10% a 15% do cereal produzido no Paraná.
Para o produtor Wilson Baggio, de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), o milho deste ano representa a redenção do ano passado, quando a produtividade da lavoura, atingida pela seca, não passou de 2,5 toneladas/ha. Agora, com uma tecnologia para produzir 6 t/ha, ele aumentou sua área de 320 para 390 hectares. Com 82 anos e 62 duas safras no currículo, Baggio prevê que este é "um ano de recuperação, não para investir, mas para começar a pagar dívidas."