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Preços baixos desestimulam investimentos

Enquanto as últimas colheitadeiras de soja deixam as lavouras, os produtores dos Campos Gerais paranaenses começam os preparativos para a safra de inverno de 2011 e planejam nova redução na área de trigo. A menos de um mês do início do plantio, os agricultores da região definiram suas apostas e devem diminuir em cerca de 30% o plantio do cereal, relata o vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Anton Gora. No ano passado, desestimulado pelo mercado, já haviam cultivado 10% área menor.

Gora, que também é produtor rural no município, conta que dará preferência à cevada neste ano. Vai manter os 80 hectares plantados no ano passado e reduzir quase à metade a área destinada ao trigo, que em 2010 ocupou 80 hectares e neste ano cobrirá apenas 50 hectares. Os 30 hectares restantes ficarão ociosos neste inverno. "Vou cobrir o solo com aveia para plantar milho no próximo verão", explica o produtor.

A ausência de uma política pública de incentivo à cultura desestimula investimentos no trigo, relata. "O grande entrave é a comercialização. O mercado não tem liquidez. Além disso, o trigo atrasa o plantio da soja, que acaba produzindo menos. Não vale a pena. Até porque com o preço mínimo não dá para contar. No ano passado o governo mudou as regras no meio do jogo", diz Gora, referindo-se ao corte de 10% nos valores de referência anunciado pelo Ministério da Agri­­­cultura, Pecuária e Abas­­te­­­cimento (Mapa) às vésperas do plantio de 2010.

Para o trigo pão, mais produzido no Paraná, o preço de garantia do governo foi fixado em R$ 28,62 (tipo 1). O valor , insuficiente para cobrir o custo operacional de produção, estimado em R$ 30/saca para a região de Guarapuava, não é respeitado pelo mercado. Hoje, a indústria oferece ao produtor pouco mais de R$ 27 (média Paraná) pela saca do produto, mostra levantamento do Departamento de Eco­­nomia Ru­­­ral (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abaste­­­cimento (Seab).

Diante de preços pouco atrativos, o trigo se acumula nos armazéns. Conforme o Deral, 947,7 mil toneladas do cereal que foi colhido no ano passado ainda estão estocados em silos paranaenses à espera de melhores cotações. O volume equivale a cerca de 28% da safra de 2010 e considera apenas os grãos que estão nas mãos do produtor.

Nas mãos do governo, existem outras 550 mil toneladas somente no Paraná. Os estoques públicos foram acumulados nos últimos três anos e, desde a semana passada, vêm sendo desovados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no mercado. Em leilão marcado para amanhã, a estatal vai ofertar 48,7 mil toneladas de trigo no Paraná. Na primeira operação, 12,9 mi toneladas (41,6% do total) foram comercializadas no estado.

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