Pouco mais de dois meses depois de um permanecer em um forte ritmo de alta, as cotações da soja perderam força no mercado brasileiro nos últimos dias. De acordo com o indicador de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a oleaginosa - base Paranaguá (PR)- chegou a ser cotada a R$ 97,61 no dia 14 de junho, mas voltou a cair e fechou a segunda-feira (20) com referência de R$ 95,97.
Na Bolsa de Chicago, os contratos da soja em grão com entrega em julho fecharam o dia a US$ 11,33 por bushel, queda de 0,89% em comparação ao fechamento anterior.
A previsão de temperaturas amenas e de chuvas no cinturão de produção norte-americano beneficiam as lavouras de soja e pressionam as cotações do grão para baixo. Além da influência do clima sobre o desenvolvimento da safra dos EUA ditar o ritmo do mercado, as perdas das lavouras brasileiras e argentinas e a demanda pelo grão também pressionam as cotações. No acumulado do mês, no entanto, o indicador fechou com valorização de 5,46%.
De acordo com o analista de mercado da consultoria Safras&Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, além da pressão climática, o recuo do dólar nas duas últimas semanas também pesa sobre o mercado interno de grãos. “Os preços caíram, mas ainda estão em patamares bem firmes, com destaque para as cotações nas praças do interior que diminuiram a diferença em relação ao que é praticado nos portos”, explica. Produtores de Ponta Grossa negociaram a saca de soja a R$ 93. No Porto de Paranaguá chegou a R$ 95 por saca.
Ainda segundo o analista, a valorização dos grãos no mercado brasileiro se fundamenta na escassez de oferta do produto e um aumento de demanda para exportação sem precedentes. “Somente em 2016 já exportamos oito milhões a mais de soja”, afirma.
As cotações do milho também são pressionadas pelo clima favorável ao desenvolvimento da safra do cereal no Meio-Oeste dos EUA e registram quedas acentuadas. Os contratos com entrega em julho fecharam a US$ 3,96 por bushel, uma desvalorização de 5,93%. No mercado interno brasileiro, de acordo com o índice Cepea, os preços do cereal encerraram o pregão de segunda (20) a R$ 48,40, bem abaixo do recorde de R$ 53,91 do dia 02 de junho.