A expectativa de safra recorde no Brasil e produção cheia nos Estados Unidos desenha um cenário nebuloso para o milho brasileiro no segundo semestre de 2013. Em queda desde fevereiro, os preços do cereal devem recuar ainda mais nos próximos meses e obrigar o governo a entrar no mercado para limitar as perdas ao produtor depois de dois anos sem intervenções.

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Em Lucas do Rio Verde, um dos principais polos de produção de milho safrinha de Mato Grosso, a saca do produto, que há dois meses valia mais de R$ 19, já é negociada a R$ 14. Nos negócios futuros, para entrega em julho, as ofertas estão na casa dos R$ 12 por saca – abaixo do preço mínimo de garantia (R$ 13,02) e insuficiente para cobrir os custos de produção (R$ 13,05). No Paraná, o cereal também acumula queda de cerca de R$ 5 por saca desde fevereiro. Nas principais praças de comercialização paranaenses, o preço despencou de mais de R$ 25 para R$ 19 por saca, valor muito próximo do mínimo garantido pelo governo (R$ 17,46).

Os dois estados, que concentram quase metade da produção nacional de milho, já se articulam para solicitar à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a retomada dos leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), em que o governo subsidia o frete do produto das regiões de produção aos centros de consumo. A última vez que a Conab precisou lançar mão deste instrumento foi em 2010.

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A estatal afirma que está preparada para intervir em caso de queda acentuada nas cotações e garante que vai utilizar todos os instrumentos necessários para proteger o produtor – o que inclui também o lançamento de contratos de opção de compra. Em boletim divulgado ontem durante o evento de largada da Expedição Milho Brasil, em Cuiabá (MT), a consultoria FCStone, parceira do projeto, afirmou que Conab deve aproveitar os preços baixos do cereal para recompor os estoques públicos, que atingiram níveis historicamente baixos após as exportações recordes do ano passado.

“Os estoques públicos fecharam 2012 em patamar apertado, 634 mil toneladas, queda de 66% no comparativo anual. A média de 1987 a 2011 fica em 1,9 milhões de toneladas”, diz o relatório. Segundo a FCStone, a estatal planeja comprar de 4 milhões de toneladas de milho ao longo do ano, mas a expectativa é o volume total fique próximo de 5 milhões de toneladas.