A projeção de cultivo menor nos Estados Unidos dá novo impulso às cotações de soja e milho no mercado internacional e abre novas oportunidades de negócio à safra brasileira, em plena colheita. A prévia do primeiro relatório oficial de plantio nos EUA, que antecipa as tendências que serão apresentadas oficialmente no final de março, reduziu a área das quatro principais culturas no país para a temporada 2015/16.
A área de soja veio com 33,79 milhões (-0,2%) e o milho cravou os 36 milhões de hectares (-1,8%), contrariando expectativa do mercado, que era de expansão. Como resultado imediato, o primeiro contrato na Bolsa de Chicago encerrou ontem valendo US$ 10,07 por bushel de soja, com valorização de 1,15% ou 11,5 pontos, e US$ 3,90/bu o de milho, subindo 1,56% ou 6 pontos. O movimento fez as cotações voltarem aos patamares do início de janeiro. Na relação direta com o câmbio de R$ 2,87, a saca de soja alcança R$ 64 e a de milho, R$ 26, nos Estados Unidos.
Apresentados ontem na abertura do Agricultural Outlook Forum, o fórum mundial de agricultura, os números apontam para uma redução no ritmo de expansão do setor nos EUA. O recuo na área de cultivo é liderado pelo algodão, que deve perder expressivos 12,1%, seguido do trigo (-2,3%), milho (-1,8%) e soja (-0,2%).
Para justificar a redução, Robert Johansson, o economista-chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, falou das safras cheias pelo mundo, dos estoques mundiais em alta e das cotações e da renda em queda, além do crescimento menor das importações chinesas em 2015. O mercado, porém, acredita que essa primeira expectativa do USDA é muito baixa para a soja, que pode ocupar mais de 34,5 milhões de hectares. Para o milho, os analistas estariam em linha com o USDA admitindo um pequeno recuo em relação aos 36,7 milhões de toneladas do ano passado.
De qualquer forma, o momento não deixa de ser uma oportunidade à produção brasileira. Pedro Djaneka, da AGRBrasil, avalia que o ‘relatório’ deixa o mercado um pouco confuso. “Esses números são baseados em projeções econômicas e não em pesquisa de campo”, argumenta. Ele admite, no entanto, que soja acima de US$ 10/bushel é oportunidade de venda até início de maio, quanto tem início o mercado climático com o plantio da safra norte-americana.
Produtores de soja estudam ação na OMC contra os americanos
Estadão Conteúdo
Na disputa pela liderança mundial no mercado de soja, produtores brasileiros estudam a possibilidade de lançar o que pode ser sua maior disputa comercial contra os Estados Unidos. O setor privado está examinando a possibilidade de acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) por prejuízos que os subsídios americanos estão gerando às exportações nacionais.
Em 2014, uma nova Lei Agrícola americana entrou em vigor e vai ditar a distribuição de subsídios até 2019. Se parte dos programas foi reformado, a assistência passou a ser concentrada na questão do preço. Todas as vezes que o valor internacional da soja cair abaixo de um certo patamar, o volume de ajuda do governo americano aumenta. O problema, segundo os especialistas, é que os programas foram criados justamente no momento em que os preços de commodities estão em baixa histórica. Em 2014, por exemplo, os preços da soja nos Estados Unidos caíram em 28% diante da maior safra da história americana.
Com um amplo volume de soja no mercado e, agora, a ajuda americana a seus produtores, estudos apontam que os exportadores brasileiros serão seriamente afetados. “Não há uma decisão ainda [sobre lançar um caso]. Mas os subsídios preocupam e estamos examinando o que será feito”, disse Fabricio Rosa, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja. Segundo ele, o governo brasileiro tem “pleno conhecimento” da preocupação do setor privado.
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