Os últimos dois meses tiveram chuvas acima do normal, complicando o plantio de grãos e a colheita da cana. A partir de agora, o fenômeno El Niño promete dar uma trégua e o tempo deve ficar um pouco mais seco. Os especialistas, no entanto, apontam para cenários contraditórios em relação à intensidade dessa redução nas chuvas, que deve marcar o mês de dezembro. Para janeiro e fevereiro, há previsões tanto de veranicos como de chuvas acima do normal.

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Segundo a análise do meteorologista do instituto Somar Márcio Custódio, as temperaturas no oceano Pacífico – que influenciam diretamente o comportamento das chuvas de verão – estão se configurando de forma muito parecida com os registros da safra 2004/2005, quando as lavouras paranaenses sofreram com estiagem. Os mapas apontam resfriamento das águas na região próxima à Costa da América do Sul.

O efeito direto disso, de acordo com Custódio, é a ocorrência de chuva "bem abaixo da média" em janeiro e fevereiro, com recuperação pluviométrica apenas em março e abril. Segundo o meteorologista, os mapas recentes indicam que janeiro deve ter índice de precipitação até 70% abaixo do normal no Oeste paranaense, por exemplo. Ele ressalva, no entanto, que esse quadro ainda pode mudar.

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Mais chuvas

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Renato Lazinski confirma a perda na intensidade do El Niño, mas considera que há um pouco de "exagero" nas previsões de seca e veranico para um ano em que está chovendo tanto. "As chuvas perdem intensidade, mas devem somente voltar aos índices considerados normais para novembro e dezembro."

Em sua avaliação, o problema de janeiro e fevereiro não será a seca, mas a chuva em excesso, que pode atrapalhar a colheita dos grãos de verão. "Podemos até ter veranicos, mas com duração curta, de até sete dias. Isso não é tão ruim. É bom para fortalecer o sistema radicular do feijão", analisa.

Lazinski destaca que as precipitações dos últimos meses atingiram índices três vezes maiores que os normais no Paraná. "A partir de janeiro, o El Niño vai voltar a se fortalecer", prevê.