Com a colheita no Paraná rompendo a casa dos 50% e no Mato Grosso perto dos 80%, a Expedição Safra RPC antecipa hoje o balanço da safra de soja e milho nos dois estados, os principais produtores de grãos do país. Há ligeiras variações de área em relação ao ano passado e à estimativa inicial, feita pela própria Expedição, na projeção da safra, em outubro do ano passado. O grande destaque da temporada é a produtividade. Acima da média, o rendimento recorde é resultado do investimento em tecnologia, é claro, mas foi beneficiado principalmente pelas condições climáticas, altamente favoráveis, graças ao El Niño.
O que não agrada muito os produtores é o preço internacional das commodities agrícolas. A supersafra nos Estados Unidos e a recuperação na América do Sul rebaixaram as cotações da soja e do milho, encolhendo a rentabilidade do ciclo atual. Com a soja na casa dos US$ 20/saca, sem perspectiva de reação no curto e médio prazo, somente o câmbio mesmo para operar algum milagre. Na casa dos R$ 1,80, com a possibilidade de ir a R$ 1,90, os negócios não devem fugir muito do intervalo entre R$ 36 e R$ 38/saca. Para quem deixou escapar R$ 40, R$ 42, no final do ano, resta o lamento.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) consegue ser ainda mais pessimista com a previsão de US$ 8,80/bushel para o próximo semestre, ou US$ 19/saca, o equivalente a R$ 34. O mercado, no entanto, parece não se contagiar com a tendência baixista do órgão. A luz no fim do túnel está na sustentação da demanda internacional, principalmente pela China, e em cotações acima de US$ 9/bushel. Especulação por especulação, o produtor decide com quem ficar, se com o pessimismo do USDA ou a esperança do mercado.
De qualquer forma, safra cheia é sempre safra cheia. Menos mal ter preço baixo e produção em alta do que terminar com os dois indicadores em baixa. Com alto rendimento, ainda é possível equacionar, na escala, parte das perdas provocadas pelo recuo nas cotações.