Os quase R$ 2 bilhões que o agronegócio paranaense vai deixar de arrecadar neste inverno por causa da quebra na safrinha de milho não vão pesar apenas no bolso dos agricultores. No Paraná, 40% dos municípios dependem da produção primária. Uma frustração de safra, então, costuma ter efeito dominó na economia. O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, lembra que os pequenos pólos de produção reconhecem a importância do agronegócio para a economia da região. Já em grandes centros de consumo, como Curitiba, por exemplo, ainda falta consciência de grande parte dos habitantes. "Não vejo ninguém comentando sobre essa quebra na capital. As pessoas precisam saber que o leite não nasce na caixinha. Para o produto chegar à mesa, a vaca precisa se alimentar, comer capim no campo", cita ele.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revela que o país tem mais de 5,1 milhões de propriedades rurais. Além de serem responsáveis por suprir o consumo de toda a nação, as lavouras brasileiras ainda alimentam outros continentes. No ano passado, só de soja foram embarcados quase 35 milhões de toneladas para outros países, 46% da produção nacional.
O volume é atingido graças a 25 milhões de trabalhadores rurais, gente que vive longe do barulho da cidade, do congestionamento no trânsito, dos shoppings e das salas de cinema. Eles trabalham de domingo a domingo e, mesmo assim, não têm renda garantida. Além disso, não contam com uma infraestrutura adequada, ressalta Meneguette. "Não temos política para a logística, temos um porto sucateado, pedágios absurdos de caros, uma malha ferroviária insuficiente e um frete com custos descontrolados", enumera Meneguette antes de mencionar os gastos com embarques no Porto de Paranaguá. "Enquanto a Argentina gasta US$ 20 por tonelada e os Estados Unidos US$ 23, o Brasil gasta US$ 85 por tonelada, que é a estimativa para este ano", compara.
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