A liberação efetiva dos recursos do novo Plano Agrícola e Pecuário (PAP) ainda não aconteceu e agricultores projetam mais dificuldade na análise de crédito e de limites bancários para o financiamento da próxima safra de grãos, disse nesta terça-feira (16) o principal representante dos produtores de soja de Mato Grosso.
"Nosso temor é que, mesmo anunciado um plano com mais recursos, esses recursos sejam menos alcançados pelo produtor lá na ponta em função da burocracia e das dificuldades impostas pelos agentes financeiros", aponta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk.
O governo federal apresentou no início de junho o Plano Safra 2015/16 com um recorde de R$ 187,7 bilhões ofertados em linhas de crédito, ante R$ 156,1 bilhões em 2014/15, mas com elevação nos recursos de custeio e comercialização e queda nos empréstimos para investimentos.
"O plano na prática ainda não rodou. Nossa expectativa mais otimista é que a partir de julho comece a se disponibilizar esse crédito nas agências, com a ressalva que provavelmente haverá um aperto maior nas análises, um aperto maior na liberação de limites", avaliou Tomczyk a jornalistas, antes de participar do seminário Perspectivas para o Agribusiness 2015 e 2016, realizado pela BM&FBovespa, em São Paulo.
A demanda por crédito deverá aumentar na preparação da nova safra, uma vez que as margens de lucro dos produtores estão mais apertadas pela alta nos custos de insumos -- muitas vezes precificados em dólar-- e pela queda nas cotações dos grãos.
"Já foi um ano em que o produtor teve que usar parte de sua reserva [financeira] para fazer jus a seu fluxo de caixa. Os custos em reais aumentaram, precisa-se de mais reais para se fazer a mesma operação", ressaltou. O presidente da Aprosoja-MT não descartou que haja um pequeno aumento na inadimplência dos produtores na nova temporada.
As compras de insumos essenciais para a próxima safra de soja do Brasil, que começa a ser plantada a partir de meados de setembro, avançaram em junho, mas o ritmo segue mais lento em relação ao ano passado, o que levanta a preocupação de que alguns negócios não se realizem e de eventuais problemas logísticos nas entregas, principalmente de fertilizantes, segundo especialistas.
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