Produtores do Norte Pioneiro reduzem áreas de grãos para apostar na cana

Jacarezinho – O plantio das safras de soja e de cana-de-açúcar no Norte Pioneiro representam para os produtores das duas culturas a possibilidade de recuperar parte dos prejuízos causados na lavoura nos últimos anos. Na região, o plantio da soja já foi concluído e o da cana-de-açúcar já atingiu 40% da área total.

De acordo com levantamento do Deral, na safra 2006/07 o Norte Pioneiro terá 58 mil hectares ocupados com a soja. O número é 6% menor que na safra passada, quando 61 mil hectares foram ocupados com a oleaginosa. "Se no ano passado os produtores rurais sofreram com desvalorização do dólar, queda nos preços, aumento dos insumos e ainda com problemas de ordem climática, esse ano o panorama é bem mais animador", explica o economista do Deral José Antonio Gervásio.

Segundo Gervásio, a queda de três mil hectares de soja de uma safra para outra é atribuída à expansão da cana-de-açúcar, que continua ganhando espaço de outras culturas tradicionais. Dados do Deral indicam que neste ano a cana deve chegar a 59 mil hectares no Norte Pioneiro, contra 51 mil do ano passado, um aumento superior a 15% em apenas um ano. A cana já é a segunda maior cultura da região em área cultivada. O primeiro lugar no ranking ainda é do milho, que esse ano será cultivado em 64 mil hectares. No entanto, a cultura também registrará decréscimo de área. No ano passado foram ocupados 66 mil hectares com o grão. A perda de área também é creditada à cana-de-açúcar.

Para o agricultor Antonio Lério, 50 anos, as duas últimas safras de soja mal sucedidas foram decisivas para trocar a tradicional cultura pela cana-de-açúcar. Na sua propriedade, de pouco mais de 130 hectares, em Cambará, metade está sendo ocupada pela nova cultura. "Se estivesse optado antes pela cana não teria registrado prejuízo; ao contrário, hoje estaria capitalizado. Mas, resisti, fiquei aguardando uma reação da soja e este ano não teve jeito. Tive que plantar cana." Com a cana-de-açúcar, Lério pretende atingir um faturamento de cerca de R$ 6 mil por hectare.